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Presidente da Centromarca: Marcas de fabricante pagam "alcavalas" para estar na prateleira
Nuno Fernandes Thomaz diz, em entrevista ao Negócios e Antena 1, que as marcas de fabricante têm de pagar "alcavalas" aos retalhistas para estar nos hipermercados, ficando em desvantagem face às marcas próprias.
O presidente da Centromarca, Nuno Fernandes Thomaz, lamenta que as marcas de fabricante tenham de pagar "quase uma portagem" para ter lugar nas prateleiras das grandes superfícies, o que as coloca em desvantagem relativamente às marcas próprias dos retalhistas e explica, pelo menos em parte, a grande diferença de preços.
"Quando uma marca de fabricante negoceia com um operador de retalho, está a negociar com o seu maior cliente mas, ao mesmo tempo, com o seu maior concorrente. Porquê? Porque não só o operador de distribuição é o principal cliente porque compra os produtos da marca de fabricante, como também tem o seu produto próprio", pelo que quando quer chegar ao escaparate de um hipermercado "tem de pagar o que eu chamo quase uma portagem para lá estar", critica.
Mas este não é, na perspetiva do líder da Centromarca, o único problema decorrente de os retalhistas serem, em simultâneo, jogadores e árbitros: "Quando se dá o momento do retalhista escolher qual é a margem que vai ganhar no produto de marca própria, o seu produto, e no produto da marca de fabricante, põe uma margem mais alta no fabricante".
"Portanto, induz o consumidor a comprar a marca própria que está bastante abaixo", afirma Nuno Fernandes Thomaz que, embora reconhecendo que o preço é, obviamente, diferente, entre os dois tipos de produto, "a margem que o retalhista faz num produto de marca de fabricante é maior do que numa marca própria".
A Centromarca - Associação Portuguesa de Empresas de Produtos de Marca - congrega um universo de meia centena de associados, que detêm mais de 1.200 marcas, representando no conjunto um volume de vendas anual no mercado nacional na ordem dos 6.000 milhões de euros.