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Nestlé reduz sal para conquistar adeptos da alimentação saudável

A Nestlé está a reduzir a quantidade de sal de uma das suas marcas que mais usam o tempero - a Maggi, que produz massas, sopas e condimentos - já que a maior empresa de alimentos do mundo pretende responder às exigências dos consumidores e dos governos por produtos mais saudáveis.

Bloomberg
04 de Junho de 2017 às 13:00
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A empresa suíça planeia uma redução média de 10% do sal nos produtos Maggi até 2020 e adicionará mais vegetais e outros ingredientes ricos em nutrientes. As mudanças fazem parte de uma iniciativa que está a ser implementada em toda a empresa para reduzir o sódio, a gordura saturada e o açúcar.

 

"A Maggi vai fazer tudo para superar os nossos compromissos", disse Wayne England, chefe da unidade de alimentos da Nestlé, em entrevista por telefone, acrescentando que espera um aumento das vendas da marca como resultado.

 

A mudança surge no momento em que grandes empresas de alimentos, como a Mondelez International e a Unilever, tentam lançar produtos mais saudáveis e em que os governos introduzem impostos sobre o açúcar e tentam limitar os níveis de sódio. O sector luta contra a queda das vendas porque os consumidores evitam cada vez mais os alimentos embalados, que são vistos como pouco saudáveis e cheios de ingredientes artificiais. A geração Y, atraída pela produção orgânica e por alimentos de fontes locais, está a acelerar a mudança.

 

Massas, caldos

 

As reduções de sal da Maggi estão em sintonia com as metas mais amplas da Nestlé, mas a mudança numa das suas maiores linhas, entre as que mais usam sal, amplia o compromisso da empresa em cumpri-las. A Maggi gerou uma receita entre três mil milhões de francos suíços (2,75 mil milhões de euros) e quatro mil milhões de francos no ano passado, estima Jean-Philippe Bertschy, analista do Bank Vontobel. As massas e os caldos em tabletes são os produtos mais vendidos da marca, acrescentou.

 

Na Suíça, uma porção de caldo de carne Maggi contém 3,1 gramas de sal. A Organização Mundial da Saúde recomenda um consumo diário de até 5 gramas, porque o consumo elevado aumenta o risco de derrame cerebral. A maioria das pessoas consome cerca de duas vezes essa quantidade.

 

As empresas de alimentos reformularam cerca de 180.000 produtos em todo o mundo em 2016, contra cerca de 23.000 em 2014, segundo um estudo do Consumer Goods Forum divulgado no ano passado. A Nestlé tem adaptado cerca de 8.000 produtos por ano.

 

Equilibrar as exigências por alimentos mais saudáveis com as preferências dos consumidores pode ser uma tarefa complicada.

 

"As companhias não querem promover nenhuma mudança que possa fazer com que os clientes deixem de comprar os seus produtos", disse Marion Nestle, professora de Nutrição da Universidade de Nova Iorque, que não tem ligação com a fabricante da Maggi. "Se fizerem mudanças muito repentinas, os clientes podem notar. A maioria das empresas está a reduzir o sal e o açúcar de forma lenta e imperceptível, mas pelo menos está a reduzir."

 

A reformulação, que também inclui a venda de mais produtos Maggi com doses extras de iodo, ferro e vitamina A, provavelmente estimulará a procura, disse England. Com o lançamento de alguns itens já reformulados, as vendas da marca estão a aumentar a um ritmo de mais de 3%, considera. Para o futuro, a empresa espera um crescimento de até 5%.

 

Contudo, o sector poderá ser mais agressivo porque os clientes provavelmente aceitarão reduções ainda maiores no sal, segundo Leith Greenslade, CEO do JustActions, grupo que faz campanhas de saúde. Leith Greenslade citou um estudo que mostra que um corte de 70% na carne processada não gerou nenhuma reacção significativa dos consumidores.

 

Título original em inglês: Nestle’s Maggi Cuts Salt to Curry Favor With Health-Conscious

 

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