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Marca própria pesa 45,2% nas vendas do retalho alimentar, o valor mais elevado em 13 anos
Entre 2011 e 2023, as vendas de produtos de marca própria mais que duplicaram, crescendo mais do dobro do aumento das vendas no retalho alimentar, revelam dados do INE.
Os produtos de marca própria nunca pesaram tanto nas vendas das cadeias de distribuição alimentar: em 2023 contribuíram com 45,2%, contra 39,1% em 2022, o equivalente a 7.900 milhões de euros, alcançando a proporção mais elevada em pelo menos 13 anos.
Dados divulgados, esta terça-feira, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), indicam que o peso da marca própria nas vendas do retalho alimentar foi o maior "desde o início da série", em 2011, ano em que representava 31,7%, ou seja, uma fatia de 3.461 milhões num bolo de 10.911 milhões de euros.
O aumento no volume de vendas de produtos de marca própria também se acentuou no ano passado (+32,0% contra +11,6% em 2022).
Entre 2011 e 2023, as vendas de produtos de marca própria mais que duplicaram (+128%), crescendo mais do dobro do aumento das vendas no retalho alimentar (+59,9%).
Segundo o INE, nas unidades de retalho alimentar, ou seja, aquelas em que a venda de produtos alimentares representa mais de 50%, as vendas cresceram 14% (+8,2% em 2022) e atingiram 17,5 mil milhões de euros em 2023. Já nas restantes as vendas aumentaram 5,4% (+16,3% em 2022) e fixaram-se em 7,1 mil milhões de euros.
Em causa estão os números relativos às chamadas Unidades Comerciais de Dimensão Relevante (UCDR) como são catalogadas pelo INE as lojas de retalho alimentar ou não alimentar com, respectivamente, mais de 2.000 ou 4.000 metros quadrados de área de exposição e vendas.
Segundo o INE, em 2023 existiam 3.692 grandes lojas (+0,7% face a 2022) as quais tinham ao serviço 125,7 mil trabalhadores, ou seja, mais 2,7% do que em 2022. O volume de negócios e as vendas (24,7 e 24,5 mil milhões de euros, respetivamente) cresceram ambos 11,4% (+10,5% e 10,6% em 2022).
Ao longo dos últimos 13 anos da série estatística disponível o número de UCDR subiu 14,2%, enquanto o pessoal ao serviço aumentou 21,8% e o volume de negócios cresceu 56,8%.
Alimentar reforça dimensão económica
Em 2023, a proporção de estabelecimentos de comércio a retalho alimentar (48,3%) continuou a ser muito aproximada à do retalho não alimentar (51,7%), mas o INE assinala, porém, que se acentuaram as diferenças nos principais indicadores económicos.
E exemplifica: o conjunto de unidades de retalho alimentar aumentou a sua dimensão económica face ao grupo complementar, empregando mais de dois terços do total de pessoal ao serviço nas UCDR (68%; +0,8 pontos percentuais face a 2022), agregando 71% do volume de negócios (+1,6 pontos percentuais).
Em 2023, existiam 1.782 grandes lojas de retalho alimentar (+13 ou +0,7% face a 2022), as quais empregaram 85,5 mil trabalhadores, mais 3,9% que no ano anterior (-3,1% em 2022), com os funcionários a tempo inteiro a elevarem ligeiramente a sua representatividade (de 72,3% em 2022 para 72,7% em 2023). Já o volume de negócios ascendeu a 17,5 mil milhões de euros, traduzindo um acréscimo de 14% (+8,2% em 2022).
Ao longo do período de 2011-2023, aponta o INE, "observou-se um forte dinamismo económico nas unidades de retalho alimentar", que cresceram 11,2% em número, 60% em volume de negócios e 20,8% em termos do universo de trabalhadores.
Em 2023, as vendas de "produtos alimentares, bebidas e tabaco" representaram 75,8% (+2,4 pontos percentuais face a 2022) do total de vendas dos estabelecimentos de retalho alimentar, num montante global de 13,2 mil milhões (+17,8%; após +8,1% em 2022).
Já as unidades de comércio a retalho não alimentar em atividade em 2023 eram 1.910 (+11 ou +0,6% face a 2022) e empregavam 40,2 mil trabalhadores (+0,2% face a 2022). No ano passado registaram um volume de negócios de 7,2 mil milhões de euros, refletindo uma subida de 5,6%.
O INE também observa que, ao longo do período de 2011-2023, o segmento do retalho não alimentar apresentou "um forte dinamismo económico", o qual foi "somente interrompido no período de restrições da pandemia", notando que "efetivamente, em 2023, todas as principais variáveis económicas evidenciavam crescimentos face ao início da série". A saber: mais 17,1% no número de estabelecimentos, mais 23,9% no pessoal ao serviço e mais 49,4% no volume de negócios.