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Consumo no retalho altera-se e procura por marca própria aumenta
Os analistas estimam que o crescimento das receitas deverá normalizar-se e aproximar-se de uma variação de apenas um dígito para este ano, enquanto as margens de EBITDA deverão manter-se "relativamente estáveis".
Os hábitos de consumo no setor do retalho alimentar alteraram-se de forma permanente nos últimos anos, tendo os consumidores dado preferência a retalhistas 'discount' e a marcas próprias, segundo uma análise divulgada esta terça-feira pela Morningstar DBRS.
"Os retalhistas 'discount', que são geralmente percecionados como fornecedores de um maior valor e têm tipicamente uma maior penetração de marca própria, beneficiaram das mudanças nos hábitos de consumo nos últimos dois a três anos", refere a previsão para o retalho alimentar para 2025 da agência.
A Morningstar DBRS dá o exemplo das retalhistas alemãs Aldi e Lidl, que no Reino Unido aumentaram a sua quota de mercado de 14,5% em 2021 para 18,0% em 2024.
"Antevendo 2025 e depois, embora alguns hábitos de consumo devam reverter com as condições económicas a melhorar e com os retalhistas tradicionais a tomarem mais medidas para recuperar a quota perdida, acreditamos que alguns hábitos de consumo tenham sido alterados de forma permanente", registam os autores do relatório.
Nesse sentido, preveem que os retalhistas 'discount' ganhem benefícios estruturais na sua presença no mercado.
A previsão para o setor alimentar para 2025 é estável, apesar de se antever "pelo menos alguma pressão no poder de compra dos consumidores".
A Morningstar DBRS alerta ainda para algumas "incertezas consideráveis" que dificultam as previsões, incluindo na mudança do paradigma internacional resultante da eleição de Donald Trump como Presidente dos Estados Unidos da América.
Os analistas estimam que o crescimento das receitas deverá normalizar-se e aproximar-se de uma variação de apenas um dígito para este ano, enquanto as margens de EBITDA (resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) deverão manter-se "relativamente estáveis".
"Antevemos que os retalhistas continuem a registar mais custos operacionais relacionados com a inflação - em particular nos salários. Ainda assim, depois de contabilizados os ganhos de alavancagem operacional e das iniciativas de melhoria de eficiência, prevemos que as margens EBITDA dos retalhistas alimentares no nosso portefólio se mantenham relativamente estáveis em 2025", detalham.
Por sua vez, o principal investimento deverá ser na proteção da sua quota de mercado e em aumentar a sua eficiência operacional.
"Atendendo aos atuais hábitos de consumo, antecipamos que as retalhistas continuem a investir na oferta de marca própria", sublinhou, acrescentando que espera investimentos em programas de lealdade e recompensa.