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Jerónimo Martins quase duplica lucros para 500 milhões de euros
A venda do ramo industrial da Jerónimo Martins - realizada no terceiro trimestre do ano - beneficiou as contas da companhia até Setembro.
O maior grupo de distribuição português finalizou os primeiros nove meses do ano com um crescimento de 98,9% dos resultados líquidos, impulsionada pela venda do ramo industrial da Jerónimo Martins. Sem extraordinários, os lucros subiram 12%.
A companhia Jerónimo Martins, que alienou por 310 milhões de euros a Monterroio – Industry & Investments BV (onde agrupava a área industrial, de restauração, marketing e representação de marcas) no terceiro trimestre do ano ao seu maior accionista, a Sociedade Francisco Manuel dos Santos (dona de 56,1% do capital da JM SGPS e controlada pela família Soares dos Santos), fez uma mais-valia de 224 milhões de euros.
Com esta operação, os resultados líquido dos grupo duplicaram para 501,6 milhões de euros, anunciou esta sexta-feira, 21 de Outubro, a cotada. Sem o efeito desta operação, adiantou em comunicado à CMVM, os lucros registaram um crescimento de 12%, para 266,5 milhões de euros.
Incluindo a operação da Monterroio, "após o pagamento de capex", o "cash-flow" dos primeiros nove meses de 2016 foi de 555,6 milhões de euros, terminando a JM o mês de Setembro com "uma posição líquida de excesso de caixa de 179,3 milhões de euros". Um ano antes, a dívida líquida era de 176,2 milhões de euros.
"Se excluído o valor relativo à venda da Monterroio, o ‘cash-flow’ foi de 250,7 milhões de euros, sensivelmente em linha com o registado em igual período de 2015", adiantou.
Em termos consolidados, o EBITDA (resultado antes de impostos, juros, amortização, depreciação) foi de 626,9 milhões de euros, mais 6,7% do que nos primeiros nove meses de 2015. A margem manteve-se em 5,8%.
Entre Janeiro e Setembro, o grupo investiu 295,1 milhões de euros, dos quais cerca de 43% foi direccionado para a Biedronka. Os custos financeiros cifraram-se em 12,4 milhões de euros, menos 7,3 milhões de euros do que um ano antes.
Biedronka representou dois terços das vendas
Entre Janeiro e Setembro de 2016, o grupo liderado por Pedro Soares dos Santos, consolidou vendas de 10,73 mil milhões de euros, mais 5,5% do que um ano antes. As vendas "like for like" (LfL) – ou comparáveis para o mesmo parque de lojas, sem incluir aberturas nem encerramentos de unidades – melhoraram 6,5%.
A rede Biedronka, que a JM detém (100%) desde 1995 na Polónia, fez 66,7% do total das vendas. Ou seja 7,16 mil milhões de euros – mais 4,8% do que um ano antes. As vendas LfL aumentaram 8,7%.
Com 2.700 unidades operacionais em final de Setembro (abrindo 50 lojas nos nove meses), a Biedronka aumentou o EBITDA em 8%, para 512 milhões de euros.
Ainda na Polónia, mas fora do retalho alimentar, a JM registou mais 85 milhões de euros de vendas no período homólogo através da rede de parafarmácias Hebe, um aumento de 18,2%. A cadeia finalizou o terceiro trimestre do actual exercício com 141 lojas, mais seis do que no período homólogo do ano passado.
Em Portugal, a rede Pingo Doce, que o grupo detém desde 1985 (hoje em parceria de 51%-49% com a Ahold Delhaize), as vendas aumentaram 4,7%, para 2,62 mil milhões de euros, incluindo combustível (parceria com a Prio). A actividade de retalho da JM em Portugal representou assim 24,5% do consolidado pelo grupo nos primeiros nove meses do ano.
Fechando o terceiro trimestre de 2016 com 405 unidades operacionais (abrindo seis nova lojas), o Pingo Doce melhorou as vendas LfL em 2,6%.
Sem discriminar entre Pingo Doce e Recheio, a gestão da SGPS adianta que "em Portugal, as companhias de distribuição atingiram um EBITDA de 174,8 milhões de euros" até Setembro, mais 3,5% face ao período homólogo de 2015. "A margem de EBITDA", adianta contudo, "foi de 5,3%, dez pontos base abaixo do registado no ano passado, reflectindo o investimento na proposta de valor e na dinamização das vendas".
A rede grossista Recheio registou vendas de 663 milhões de euros, mais 5,5% do que um ano antes, com uma variação positiva de 4,4% no LfL, "beneficiando também de uma forte actividade turística observada em todo o país".
Finalmente, na Colômbia, onde está desde 2013, a companhia de distribuição atingiu vendas de 162 milhões de euros com a retalhista Ara, totalizando 183 lojas até Setembro (abrindo 41 unidades no período em análise, as dias primeiras das quais na região de Bogotá).
A administração adianta que "as perdas a nível do EBITDA geradas pela Ara e pela Hebe atingiram 44,3 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano".
(Notícia actualizada às 18:20, com informação financeira e operacional adicional)