Fernando Ulrich congratulou-se com o facto de Portugal ter conseguido regressar aos mercados e “felicitou” o ministro das Finanças por este feito. “Portugal ficou com uma capacidade negocial reforçada.” O ministro das Finanças “devia usar isto para, por um lado resolver o problema da compra de créditos da banca ao sector público, que o próprio Estado sugeriu no âmbito da transferência dos fundos de pensões para a Segurança Social, que era um tema que interessava ao Estado nesse momento.”

O presidente do BPI referia-se ao compromisso que o Estado assumiu aquando da transferência dos fundos de pensões da banca para a Segurança Social, o que permitiu que o Governo cumprisse o défice orçamental de 2011. Em causa estão empréstimos realizados pela banca ao sector público.

“O Estado continua a ter vontade de cumprir esse compromisso, mas as autoridades europeias querem impor condições a estas transacções que não são adequadas nem aceitáveis. Consigo perceber essas condições face à situação do país há um ano ou dois. Mas faço aqui um apelo e um estímulo ao ministro das Finanças para que com o seu prestígio reforçado” ajude a resolver este problema.

“No caso do BPI são 760 milhões de euros que contribuiriam para o reforço da liquidez, mas sobretudo para uma matéria mais relevante como o capital e a rentabilidade do banco. Convinha resolver esta questão. Foi um compromisso que o Estado assumiu por sua iniciativa. Sem o cumprimento dos compromissos é difícil estabelecer uma relação de confiança que é importante para haver condições de investimento”, sublinhou.

“O outro ponto mais chocante é o do buffer de capital imposto pela EBA. Já passaram mais de 18 meses, a situação mudou para melhor, e não tem sentido, no momento em que Portugal celebra o regresso ao mercado a 10 anos estar a calcular menos-valias referentes a uma data em que esses títulos tinham metade do valor. Há títulos que até já foram reembolsados. Esta é uma monstruosidade que urge resolver. São muitos milhões de euros. Até porque contribui para que o custo do crédito seja mais caro. Por isso deixo um apelo ao ministro das Finanças e ao embaixador do Luxemburgo [que se encontrava na plateia], que é um país muito importante da União Europeia.”