Notícia
TAP e mais seis entidades nacionais levantam 124 milhões do Popular antes da queda
O El Mundo avança que 68 clientes institucionais do Popular retiraram das suas contas um mínimo de 10 milhões de euros na última semana antes da resolução. O estatal IGCP surge na lista, ao lado de uma empresa da EDP.
A TAP é uma das seis entidades portuguesas que retirou depósitos que tinha no Banco Popular. Levantamentos, noticiados pelo El Mundo, que anteciparam a intervenção no banco espanhol que passou pela venda por 1 euro ao Santander.
O El Mundo avançou, no dia 31 de Dezembro, que 68 clientes institucionais do Popular retiraram das suas contas um mínimo de 10 milhões de euros na última semana antes da resolução, que ocorreu a 7 de Junho. Neste grupo, incluem-se 7 entidades portuguesas. A TAP, que tirou 35 milhões do Popular, está no topo das nacionais, sendo que o Observador obteve a confirmação junto de fonte oficial da empresa daquela movimentação.
A Amorim Energia, "holding" através da qual os herdeiros de Amorim Amorim e a empresária Isabel dos Santos controlam 33% da Galp, também retirou 30 milhões de euros. O falecido empresário Américo Amorim foi accionista e administrador do banco espanhol, de onde saiu em 2013.
EDP Servicios Financieros España (13 milhões), Caixa Crédito Agrícola Mútuo Leiria (10 milhões) e Fundo de Contragarantia Mútuo (13 milhões) estão na mesma lista em que o surge o estatal IGCP, a agência estatal que gere a dívida pública (12 milhões).
Com a retirada de 11 milhões, o BES – em liquidação, o banco "mau" que ficou com os activos e passivos tóxicos do banco com aquele nome que não foram transferidos para o Novo Banco, também aparece na lista publicada pelo El Mundo.
Em causa está o montante retirado por cada entidade, o que não invalida que possam ter mantido outras importâncias nos cofres.
Serviço estatal espanhol levanta 1.140 milhões
No que diz respeito às entidades espanholas, o montante mais relevante que foi retirado do Popular foi o relativo à Tesorería General de la Seguridad Social, serviço tutelado pelo Ministério do Emprego e da Segurança Social, num valor de 1.140 milhões de euros. A Allianz, accionista do banco, também retirou fundos do banco.
O jornal coloca em causa a possibilidade de acesso a informação privilegiada relativamente a uma eventual intervenção na instituição financeira. Ainda assim, o El Mundo relembra que o ministro das Finanças, Luis de Guindos, recusava a ideia de que tinha havido qualquer aviso às entidades estatais espanholas sobre uma intervenção no Popular, mencionando a profissionalização das empresas, mais atentas ao risco.
O início do ano foi de notícias em torno do Banco Popular, nomeadamente problemas na exposição ao imobiliário. Notícias que levaram a instituição espanhola a descer a valores de mercado em mínimos históricos. Em Junho, acabou por ser alvo de intervenção, através de uma resolução bancária, sendo vendido ao Santander. Esta terça-feira, o mesmo jornal avança que Emilio Saracho, que foi presidente do Popular, alertava, em Março, o risco de "uma potencial crise de liquidez" que exigiria o recurso à ELA, a linha de emergência do Banco Central Europeu.
À luz das regras europeias, os depósitos acima de 100 mil euros podem ser usados nos resgates bancários ("bail in"), de modo a limitar o uso de verbas dos contribuintes. No caso da resolução de 7 de Junho, os depósitos não foram utilizados.
No caso do BES, a Portugal Telecom, que era accionista do banco e também por ele detida, tirou 128 milhões dos seus depósitos antes da resolução. Já o Banif foi alvo de resolução a 20 de Dezembro de 2015, com uma das razões apontadas para a decisão ser a entrada em vigor, em 2016, do regime que abria portas à utilização de grandes depósitos.