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Salgado encontrou BESA em "situação pavorosa" após saída de Sobrinho
Ricardo Salgado voltou a dizer que foi a autonomia informática obrigatória em Angola que limitou o acompanhamento o BES à unidade angolana.
"Era uma situação pavorosa e que ultrapassa tudo e todos". Foi desta forma que a equipa de comissão executiva de Rui Guerra, nomeada para substituir a equipa liderada por Álvaro Sobrinho, encontrou o BES Angola.
Quando foi nomeado para liderar aquela instituição em Angola, Sobrinho gozava de prestígio no banco português, onde havia trabalhado durante 10 anos, contou Salgado. "Trabalhou no BES onde prestou serviços de uma forma absolutamente impecável", justificou o ex-presidente do Banco Espírito Santo.
Nos primeiros anos na instituição, Sobrinho trabalhou de acordo com as directrizes de Lisboa. "A partir de certa altura, o que aconteceu foi o seguinte: começamos a ver e a assistir, começamos a ter informações estranhas". Salgado não conseguiu definir que data foi essa.
Que problemas eram esses? "Os clientes queixavam-se que não eram recebidos pela administração. Começámos a assistir à evolução da actividade bancária, com o crescimento do crédito", disse em resposta ao social-democrata Carlos Abreu Amorim.
Em 2009, o BESA passou a gozar de autonomia informática, como aconteceu com todos os bancos angolanos, por determinação do regulador daquele país. "Acontece que começamos a ficar preocupados À medida que o tempo ia avançando depois de 2009, vendo os rácios de transformação [crédito sobre depósitos] a crescer", disse. E depois começaram a "sair notícias", acrescentou. Em muito do crédito concedido perdeu-se o rasto dos seus beneficiários.
Daí que Sobrinho tenha acabado por sair da gestão do banco em 2012, ainda que se mantendo na administração durante algum tempo. A equipa que o substituiu, contou Salgado, sofreu pressões. Foi depois disso que Salgado se dirigiu a José Eduardo dos Santos, Presidente de Angola, que acabou por conceder uma garantia estatal que cobrisse parte desses créditos.