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Riqueza mundial dá maior tombo desde a crise de 2008. Famílias em Portugal contrariam

Com ativos financeiros líquidos per capita de 29.450 euros, Portugal ocupou no ano passado o 25.º lugar no "ranking" dos países mais ricos - uma posição abaixo da de 2021. O património cresceu, mas as dívidas também, contrariando a tendência global.

Pedro Catarino
27 de Setembro de 2023 às 20:30
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A riqueza mundial afundou em 2022 - um ano negativo para quase todas as classes de ativos nos mercados financeiros. Os ativos financeiros das famílias globais registaram mesma a queda mais acentuada desde a crise financeira mundial (-2,7%). Portugal contrariou, contudo, esta tendência, tendo-se registado um crescimento da riqueza bruta em 1,9%.

Os passivos aumentaram a um ritmo mais elevado do que os ativos fazendo com que a riqueza líquida tenha subido apenas 0,4%, segundo o mais recente relatório anual de riqueza global da Allianz. Os ativos financeiros líquidos "per capita" em Portugal situam-se nos 29.450 euros. O país ocupa assim o 25.º lugar no "ranking" dos países mais ricos - em 2002 surgia em 23.º. 

Na base deste crescimento, estiveram os depósitos bancários, que aumentaram a um ritmo mais rápido do que no ano anterior. "Embora a classe de ativos de seguros/pensões tenha perdido 6,5% do seu valor e os valores mobiliários [que agrega ações e obrigações] tenham também registado um pequeno recuo, os depósitos bancários - com uma percentagem de carteira de quase 50% - continuaram a crescer a um ritmo saudável de 6,4%", justifica a gestora.

Para o crescimento teve um papel importante a alteração dos comportamentos de poupança, diz a Allianz. "Embora os aforradores portugueses tenham reduzido as suas novas poupanças líquidas em 22,2% para 9 mil milhões de euros, aumentaram as suas afetações de novos capitais a depósitos bancários em 16,6% para 14 mil milhões de euros - uma vez que começaram a vender novamente valores mobiliários", refere.

Quando comparado a 2019, ano pré-pandemia, os ativos financeiros são 11,5% mais elevados, mas apenas em termos nominais. Ajustada à inflação, a subida foi de 2,3%. Ainda assim, salienta a Allianz, Portugal superou a maioria dos outros países da Zona Euro, onde o crescimento real foi de -3,1%.

A nível global "a reviravolta nas taxas de juro" também se fez sentir no passivo do balanço dos agregados familiares, tendo o crescimento "enfraquecido significativamente no ano passado para 5,7%". E também aí Portugal contrariou a tendência. "O crescimento dos passivos manteve-se forte em 4,4%, depois de 2,8% em 2021, registando o aumento mais rápido desde antes da crise financeira mundial", acrescenta o relatório da Allianz.

2023 deverá trazer crescimento
Depois da queda registada no ano passado, a Allianz acredita que os ativos financeiros globais deverão regressar ao crescimento este ano, apoiados, sobretudo, "pela evolução positiva dos mercados de ações". 

"Em suma, prevemos que os ativos financeiros globais aumentem em cerca de 6%, tendo também em consideração uma maior normalização do comportamento de poupança. Tendo em conta a taxa de inflação global de cerca de 6% em 2023, os aforradores deverão ser poupados a mais um ano de perdas reais nos seus ativos financeiros", refere a gestora.

A situação é, contudo, diferente a médio prazo, alerta Kathrin Stoffel, coautora do relatório. "Não haverá ventos favoráveis em termos monetários ou económicos. O crescimento médio dos ativos financeiros deverá oscilar entre 4% e 5% nos próximos três anos, no pressuposto dos retornos médios dos mercados de ações", afirma.

 

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