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Ricardo Salgado libertado se pagar três milhões
O antigo presidente do BES vai deixar de estar em prisão domiciliária, desde que pague uma caução de três milhões de euros. Ricardo Salgado está ainda proibido de contactar com os restantes seis arguidos do processo relacionado com o Universo Espírito Santo.
Ricardo Salgado pode deixar de estar em prisão domiciliária desde que preste uma caução de três milhões de euros, decidiu o Tribunal Central de Instrução Criminal, no âmbito da revisão obrigatória das medidas de coacção aplicadas ao antigo presidente do BES, informou a Procuradoria-Geral da República (PGR) numa nota enviada às redacções.
"No âmbito das investigações relacionadas com o designado 'Universo Espírito Santo', em sede da revisão obrigatória das medidas de coação aplicadas a Ricardo Salgado, o Tribunal Central de Instrução Criminal determinou que a obrigação de permanência na habitação fosse substituída pela prestação de uma caução de três milhões de euros", adianta o comunicado da entidade liderada por Joana Marques Vidal.
O antigo banqueiro só poderá sair de casa livremente depois de "proferido despacho que julgue válida a prestação de caução". Até lá, "o arguido permanecerá sujeito à obrigação de permanência na habitação", adianta a PGR.
Apesar de deixar de estar em prisão docmiciliária, Ricardo Salgado continua "sujeito à proibição de
contactos, designadamente com os restantes arguidos no processo, e à proibição de se ausentar para o estrangeiro".
O homem que foi presidente do BES durante 22 anos, e cujo poder levou a que ficasse conhecido como o 'Dono Disto Tudo', está em prisão domiciliária desde 24 de Julho, depois de ter sido constituído arguido nas investigações ao Universo Espírito Santo. Ricardo Salgado é suspeito da prática de "crimes de falsificação, falsificação informática, burla qualificada, abuso de confiança, fraude fiscal, corrupção no sector privado e branqueamento de capitais", segundo revelou a PGR em Julho último.
Além do banqueiro, há mais seis arguidos no processo conhecido por Universo Espírito Santo. Na mira dos investigadores do Ministério Público estão ainda Amílcar Morais Pires, antigo administrador financeiro do BES; Isabel Almeida, antiga directora financeira do banco; José Castella, antigo controller financeiro do Grupo Espírito Santo; António Soares, antigo administrador da BES Vida; Pedro Luís Costa, antigo alto quadro do BES com responsabilidades na área financeira e Cláudia Boal de Faria, directora da área de poupança.
Além deste processo, Ricardo Salgado é ainda arguido na operação Monte Branco, no âmbito da qual foi também obrigado a prestar uma caução de três milhões de euros. Neste caso, relacionado com suspeitas de branqueamento de capitais e fraude fiscal, o antigo homem-forte do BES é visado, entre outros factos, por causa das transferências de 14 milhões de euros que foram feitas pelo construtor José Guilherme para sociedades "offshore" do banqueiro e que este justificou como sendo um presente.
(Notícia actualizada às 20h00)