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Presidente da Anbang impedido de continuar em funções "por razões pessoais"

As notícias quanto à detenção de Wu Xiaohui são contraditórias numa altura em que aumenta a pressão das autoridades de Pequim sobre as empresas do sector financeiro.

Reuters
14 de Junho de 2017 às 11:53
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A seguradora chinesa Anbang, que chegou a ser uma das interessadas na compra do Novo Banco, não confirma a notícia avançada esta terça-feira de que o seu presidente terá sido detido. Mas reconhece que o responsável está afastado temporariamente dos comandos da empresa.


"O chairman do Anbang Insurance Group, Wu Xiaohui [na foto], está temporariamente impedido de desempenhar o seu cargo por razões pessoais. Ele autorizou que executivos da empresa continuem conduzir o negócio, que está a operar normalmente," lê-se num comunicado lacónico, colocado no site da empresa.

A explicação oficial surge horas depois de a revista chinesa Caijing ter noticiado a detenção de Wu no dia 9 de Junho, sexta-feira, pelas autoridades chinesas, no âmbito de uma investigação governamental. Aquele meio de comunicação social apagou entretanto a mensagem e não explicou por que o fez. Mas duas fontes citadas pelo New York Times garantem que a detenção ocorreu mesmo.


Já a 2 de Junho o Financial Times tinha, de acordo com a Bloomberg, adiantado que o chairman estava impedido de deixar território chinês, o que foi negado na altura pela Anbang.  

O banco central chinês investigou no ano passado violações de regras de controlo de branqueamento de capitais no grupo e em Maio as autoridades impediram temporariamente o ramo vida da seguradora de colocar novos produtos no mercado, coincidindo com um momento em que as autoridades estão especialmente vigilantes em relação à actividade do sector segurador.

Em 2010 a empresa entrou na área dos seguros vida e em 2014 lançou produtos com elevada rentabilidade e reembolsos ao fim de dois anos, canalizando os investimentos feitos nesses produtos na China para uma maré de aquisições internacionais nos últimos meses.

Entre as compras está o hotel Waldorf Astoria em Nova Iorque e, também naquela cidade, a tentativa de aquisição de uma torre de escritórios em Manhattan - o número 666 da 5.ª Avenida - pertencente à família do genro e conselheiro do presidente Donald Trump, Jared Kushner, transacção que acabou por ser abandonada devido à pressão mediática.

Manifestou depois interesse em seis resorts norte-americanos, na actividade bancária do holandês Delta Lloyd NV (comprada em 2015), da seguradora sul-coreana Tongyan Life Insurance  e da hoteleira Starwood Hotels, oferta que acabou por deixar cair. Em Abril, a venda da norte-americana Fidelity & Guaranty abortou igualmente, por decisão da empresa dos EUA.


Também pelo caminho ficou a compra do Novo Banco em Portugal, cancelada em Setembro de 2015, quando o Banco de Portugal considerou "insatisfatórias" as propostas dos três candidatos, em que se contavam também a Fosun e a Apollo. A Anbang ofereceria 3.500 milhões de euros, referia a imprensa em Agosto de 2015. O banco herdeiro do BES acabaria vendido este ano à Lone Star, obrigada a injectar 750 milhões de euros na compra e mais 250 milhões a três anos.


"É muito improvável que a Anbang consiga continuar a sua febre de compras. (…) O seu modelo de negócio já não é viável, tendo em conta o apertado escrutínio [oficial]", disse à Bloomberg Grace Zhou, da ICBC International.

A Anbang foi fundada em 2004 contando entre os seus principais accionistas com empresas públicas chinesas. Actualmente, é controlada por empresas que estão nas mãos de uma centena de pessoas próximas do chairman. Os activos da empresa superam os 260 mil milhões de euros e a companhia emprega mais de 30 mil pessoas, de acordo com o site da companhia.

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