Notícia
Polónia afasta grandes ajudas à banca no caso dos créditos em francos. Millennium cai mais de 2%
A banca polaca arrisca perdas de milhares de milhões de euros com a conversão de empréstimos concedidos em francos suíços para zlótis. Uma das “esperanças” era o Governo ajudar o setor. Mas o ministro do Desenvolvimento descarta um programa de ajuda de grandes dimensões, até porque, explica, as nuvens que surgem no horizonte implicam riscos bem maiores para a economia.
A banca polaca concedeu, durante anos, empréstimos hipotecários em francos suíços. Com a crise financeira mundial, a Suíça pôs fim à ligação do franco ao euro e estes empréstimos tornaram-se uma dor de cabeça, porque em alguns casos duplicaram de valor em zlótis.
Este contexto levou a que muitos proprietários tivessem dificuldade em pagar os empréstimos e muitos avançaram com processos contra a banca. Os clientes exigem a conversão dos créditos para zlótis com condições semelhantes às praticadas na altura em que foram concedidos os financiamentos, nomeadamente ao nível das taxas, bastantes inferiores à atualidade. Neste cenário, os bancos terão de assumir custos elevados.
Bancos, reguladores e clientes aguardam por uma decisão do Tribunal de Justiça da União Europeia, que se prevê que seja conhecida este outono, mas uma das esperanças passa pela possibilidade de o Governo dar uma ajuda à banca, no caso da decisão do Tribunal ser prejudicial.
Mas estas esperanças parecem estar a encontrar barreiras. Esta quarta-feira, o ministro do Desenvolvimento da Polónia deixou claro que esta questão não é uma prioridade e que a banca não deve esperar uma ajuda significativa.
"Será difícil esperar que o país ofereça rapidamente algum programa de grande dimensão" aos bancos expostos aos empréstimos concedidos em francos suíços, afirmou o ministro do Desenvolvimento polaco, Jerzy Kwiecinski, numa entrevista, citada pela Bloomberg.
O veredicto do Tribunal da União Europeia é "um risco muito menor para a nossa economia do que os choques externos que se veem no horizonte", como o abrandamento no comércio mundial, explicou.
Ainda, assim, a dimensão das potenciais perdas para a banca e do impacto desta questão no sistema financeiro polaco "muito depende dos tribunais locais", acrescentou. Isto porque serão os tribunais polacos a decidir os processos.
Já entraram em tribunal cerca de 8.000 processos nos tribunais polacos, segundo a Bloomberg, tendo este ano sido decididos 70 processos. E entre as decisões existentes, 90% é favorável à banca.
As ações do Millennium Bank reagiram em queda, tendo chegado a perder mais de 3%. Entretanto, os títulos aliviaram parte das perdas, recuando 2,21% para 6,63 zlótis. Em queda segue também o MBank, ao ceder 1,5% para 317,4 zlótis.