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Obrigacionistas propõem comprar o NB em cima da troca de dívida
Um grupo de investidores que diz ter 30% das obrigações do Novo Banco propõe-se comprar a instituição e critica a troca de dívida indispensável à venda do banco à Lone Star. Proposta surge a poucos dias do início dos contactos que vão lançar a operação da troca, que arrancam na próxima semana.
Uma aliança de investidores institucionais que reclama ter mais de 30% das obrigações do Novo Banco escreveu à administração da instituição e ao Banco de Portugal a criticar a oferta de troca de dívida que está a ser ultimada e propondo-se comprar o banco nas condições acordadas com a Lone Star, de acordo com o informação avançada pelo Eco e que confirmada pelo Negócios.
A iniciativa é protagonizada pela PJT Partners que se assume representante dos obrigacionistas, cuja identidade não é identificada. Foi esta sociedade que escreveu duas cartas à equipa liderada por António Ramalho e que, na quinta-feira, endereçou uma primeira missiva ao Banco de Portugal pedindo acesso à informação detalhada sobre o Novo Banco, o chamado "data room" que foi consultado pelos cinco candidatos que participaram no processo de venda da instituição.
A proposta dos obrigacionistas chegou a poucos dias do início dos contactos informais que o Novo Banco vai começar a promover na próxima semana com o objectivo de auscultar os principais investidores com dívida da instituição, tal como o Negócios avançou a 23 de Maio. Uma iniciativa em que a instituição liderada por António Ramalho já contará com a ajuda dos três bancos de investimento internacionais contratados para liderarem a oferta de troca: Mediobanca, JP Morgan e Deutsche Bank, nomes avançados pelo Eco.
Os contactos com os investidores ajudarão o Novo Banco e o Banco de Portugal a recolher informação sobre as preocupações dos obrigacionistas para que, na medida do possível, lhes possa ser dada resposta quando forem fechadas as condições finais da oferta pública de troca de dívida. O objectivo é lançar formalmente a operação durante o mês de Junho.
Como revelou Sérgio Monteiro, consultor do Banco de Portugal para a venda do Novo Banco, no Parlamento, na terça-feira, "o esforço que está a ser feito é ter uma proposta [de troca de dívida] que valha por si e que não seja vista como algo que seja destruidor de valor" por parte dos detentores das obrigações. "Os obrigacionistas estarão sempre mais protegidos se tiverem um banco viável", avisou este responsável que considerou "muito elevada a probabilidade de [a operação] se concluir" com êxito.
A oferta de troca de dívida é uma condição imprescindível para que a venda do Novo Banco à Lone Star se possa concretizar. O objectivo é gerar 500 milhões de euros que permitam reforçar a solidez da instituição, o que, na prática, significa que os obrigacionistas terão de abdicar deste valor.
Este montante será gerado através da conjugação de três alterações essenciais às condições de todas as emissões de obrigações do Novo Banco: redução dos juros pagos, alteração do prazo de reembolso e corte no valor nominal.