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O que disse António Varela na quarta audição da comissão de inquérito ao Banif
Ex-administrador do Banif. Ex-administrador do Banco de Portugal. António Varela tinha muito a dizer sobre o caso e esteve durante quase seis horas a falar aos deputados.
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O ano 2013 começou com o Estado a colocar 1,1 mil milhões de euros no Banif. Liquidá-lo ou avançar para outra alternativa custaria mais ao Estado português do que aquilo que custou, em 2015, aplicar uma medida de resolução, segundo António Varela.
Varela, que entrou para o Banif como administrador não executivo em 2013 (para acompanhar a injecção de 1,1 mil milhões de euros públicos), diz que, até ao ano anterior, o banco era "muito, muito mau".
Um dos aspectos do passado do banco são as várias operações cruzadas entre o grupo à volta do Banif e o congénere em torno do BES. "Uma maneria de enganar o regulador".
Nos anos seguintes, o banco continuou a ter uma forte pressão sobre si, acabando por ser alvo de uma medida de resolução. António Varela considera que o Banif caiu por conta da acção da Direcção-Geral da Concorrência da Comissão Europeia mas também do Banco Central Europeu.
No caso do BCE, dois dos seus órgãos – o conselho de governadores e o conselho de supervisão – acabaram por tomar duas decisões que, juntas, não se coadunavam e que levaram à queda do banco.
Outro dos culpados pela queda do banco é o investimento no Brasil. Aliás, Varela acredita que todo o dinheiro colocado na instituição financeira sediada em São Paulo se perdeu.
Isto sem esquecer a "notícia criminosa da TVI".
Três meses depois da resolução determinada a 20 de Dezembro de 2015, o depósito que Varela tinha no Banif continua congelado por ter sido administrador do banco nos últimos anos de vida da instituição.
Mas, nas suas declarações na comissão de inquérito, o gestor afirmou que o Totta já queria a "parte boa" do Banif no Verão de 2015. Acabou por comprá-la meio ano depois.
Enquanto isso, Maria Luís Albuquerque também queria mudar a gestão do Banif, para tornar mais fácil o diálogo com Bruxelas. Não conseguiu. Quatro pessoas – que não foram identificadas até aqui – recusaram.
António Varela acabou a primeira semana de audições da comissão de inquérito após Joaquim Marques dos Santos, Jorge Tomé e Luís Amado. Nas próximas semanas, os reguladores e as auditoras são os convidados para prestar esclarecimentos aos deputados.