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Moody’s baixa "rating" do BES em três níveis e ameaça com novo corte

No passado dia 26 de Junho, a agência de notação financeira tinha colocado a dívida de longo prazo do Banco Espírito Santo "sob revisão" para possível "downgrade", que hoje confirma.

Bruno Simão/Negócios
11 de Julho de 2014 às 18:10
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A Moody’s reduziu a classificação do BES, de "Ba3" para "B3". Ou seja, do terceiro para o sexto nível do grau especulativo, o chamado "lixo".

 

A agência sublinha que as notações da dívida de longo prazo e dos depósitos (cujo "rating" também desceu) continuam "sob revisão" para possível corte adicional. A decisão seguiu-se ao corte do "rating" da solidez financeira intrínseca (BFSR) para ‘E’ (equivalente a um ‘ca’ no perfil de crédito individual do banco [Baseline Credit Assessment], que é o penúltimo grau desta escala, significando que a sua solidez financeira é altamente especulativa).

 

"O ‘downgrade’ da solidez financeira intrínseca do BES reflecte os receios em torno da idoneidade creditícia do banco, de par com a falta de transparência do ‘ring-fencing’ [separação entre o banco e o Grupo Espírito Santo] do BES em relação a quaisquer problemas que possam surgir com a sua "holding" Espírito Santo Financial Group ou qualquer outra entidade do grupo".

 

A Moody’s acrescenta, no seu relatório, que esta decisão se deve também à deterioração da solidez do perfil de crédito do Espírito Santo Financial Group (ESFG, cujo ‘rating’ a agência cortou para o oitavo nível de "lixo" no início desta semana).

 

Assim, a agência explica que os cortes do "rating" da dívida de longo prazo, de curto prazo, dos depósitos e da solidez financeira do BES reflectem os riscos associados à exposição directa do banco ao GES e à probabilidade de poder ter de assumir perdas potenciais nesse contexto.

 

Moody's cumpriu ameaça... e ameaçou de novo

 

No passado dia 26 de Junho, a Moody's tinha alertado que o "rating" do BES estava "sob revisão" para possível "downgrade". O nível de ‘Ba3’, que hoje acabou por perder, correspondia ao terceiro nível do chamado "lixo" (junk). Nesta categoria especulativa, existem vários patamares. O Ba3 correspondia a um investimento especulativo, com risco em desenvolvimento. Se descesse algum nível, passaria  para o patamar em que já é considerado altamente especulativo, com existência de risco de crédito e margem de segurança limitada. Foi o que aconteceu com a decisão de hoje, ao ser cortado em três graus. E a agência avisa que pode proceder a mais descidas.

 

A Moody’s relembrou na altura que as preocupações relativamente à gestão do grupo Espírito Santo surgiram após a divulgação dos resultados anuais do Espírito Santo Financial Group (ESFG), "quando os problemas do seu principal accionista, o Espírito Santo International (ESI), foram revelados, tendo a ‘holding’ que proceder a uma provisão extraordinária de 700 milhões de euros para compensar as potenciais perdas decorrentes dessa entidade".

 

A agência alertava que teria quatro factores em atenção quando tomar a sua decisão. Para tal, iria avaliar a composição dos principais órgãos de gestão do BES depois das mudanças que se previa serem aprovadas na Assembleia Geral do próximo dia 31 de Julho, bem como as potenciais alterações da estratégia do banco que daí possam decorrer. Estaria igualmente atenta à solidez financeira do Espírito Santo International e à possibilidade de materialização de perdas além dos 700 milhões de euros para os quais já foram constituídas provisões. Por último, concentrar-se-ia na visibilidade do compromisso do grupo Espírito Santo no que diz respeito a apoiar os seus activos e interesses sem recorrer a qualquer tipo de garantia.

 

A Moody's acabou por não esperar pela AG do final do mês para tomar uma decisão. Uma vez que mantém o "rating" sob revisão", poderá em breve divulgar nova decisão, devendo agora esperar pela realização da reunião magna do banco.

 
Perfil de crédito e solidez financeira

Se bem que a notação da dívida de longo prazo seja uma das medidas de risco a que os mercados prestam maior atenção, saliente-se que as agências de rating analisam e avaliam também sectores de actividade e vários outros segmentos e entidades, como fundos do mercado de capitais, companhias de seguros ou acções preferenciais. E cada uma destas avaliações tem a sua própria escala de símbolos, com correspondência à escala de base.

 

Na banca, por exemplo, existem avaliações muito específicas. Uma agência de rating, além de avaliar a dívida de um banco (a sénior, a garantida, de curto ou de longo prazo, por exemplo) ou uma emissão específica, pode ainda avaliar o rating individual do próprio banco.

 

Ao contrário dos ratings tradicionais de obrigações ou depósitos (em moeda local ou estrangeira), estes ratings individuais são atribuídos a bancos e não a emissões de dívida específicas. Tratam-se, assim, de pareceres sobre o risco de crédito autónomo de uma entidade bancária.

 

O rating individual de um banco, que mede a solidez financeira intrínseca da instituição financeira, é expresso sob diferentes formas por parte das três principais agências de notação financeira. A S&P chama-lhe perfil de crédito individual (Stand-Alone Credit Profile, SACP), ao passo que a Moody’s lhe dá o nome de Bank Financial Strength Rating (BFSR – que também avalia a probabilidade de um banco ter de recorrer a apoio externo para sobreviver). Já a Fitch denomina este indicador de Bank Individual Rating (avaliação da solidez intrínseca no caso de o banco não conseguir depender de formas de apoio externo).

 

A Moody’s recorre também ao chamado Baseline Credit Assessment (BCA) para o perfil de crédito, que representa o equivalente ao BFSR na escala tradicional dos ratings de longo prazo.

 

(Notícia em actualização)

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