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Montepio transfere participações em África para parceria internacional

A caixa económica vai melhorar o rácio de capital com a passagem dos activos africanos para uma "holding" em que os holandeses Rabobank e FMO participam. José Félix Morgado defende que há uma melhor gestão do risco com a operação.

Miguel Baltazar/Negócios
04 de Agosto de 2016 às 09:27
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O Montepio vai deixar de estar exposto, directamente, a Angola e a Moçambique. As participações que detém no Finibanco e no Banco Terra vão para uma parceria em que o banco entrou com instituições internacionais, incluindo o Rabobank. A operação melhora os rácios da caixa económica.

 

Arise: este é o nome de uma "holding" que o Montepio vai integrar, a par dos fundadores holandeses Rabobank e FMO e ainda o fundo norueguês Norfund. Para esta parceria, os grupos vão transferir os interesses africanos e é isso que vai acontecer também às participações da caixa económica de 45,78% do capital do moçambicano Banco Terra e de 51% no Finibanco Angola.

 

"A nova ‘holding’ terá inicialmente uma presença em 20 países [de África] e um total de 600 milhões de dólares em activos [536 milhões, ao câmbio actual]", assinala a nota de imprensa que dá conta do negócio.

 

A posição do Montepio será, contudo, entre 5% a 7%, tendo em conta a reduzida dimensão dos bancos em que tem posições accionistas, segundo explicou José Félix Morgado, presidente executivo da caixa, ao Negócios.

A "holding" deverá estar operacional no arranque de 2017 mas a integração dos activos do Montepio poderá ser feita no primeiro semestre. Ainda não há localização para a sede da entidade resultante que configura uma aproximação entre duas instituições mutualistas: a caixa económica, detida na totalidade pela Associação Mutualista Montepio Geral, e o holandês Rabobank, que também tem uma matriz de cooperativa.

O Rabobank também é accionista do moçambicano Banco Terra, além de deter entidades na Zâmbia, Tanzânia, Ruanda e Uganda.

 

Com esta transferência das posições para a "holding", o rácio de capital do Montepio vai subir. O rácio de referência, o Common Equity Tier 1, é calculado com o peso do melhor capital da instituição sobre os activos ponderados pelo risco. Como deixa de consolidar nas contas, como acontece agora, a redução da exposição a Angola abre espaço para uma descida dos activos ponderados pelo risco, melhorando o rácio.

 

Plano estratégico do Montepio

 

José Félix Morgado explica que esta decisão enquadra-se no plano estratégico do banco, que visa também uma melhor "gestão de risco da exposição às duas participações em África".

 

Com a decisão, o Montepio deixa de estar exposto directamente ao risco angolano e moçambicano mas passa, indirectamente, a ter exposição aos 20 países africanos cujos activos estarão nesta "holding". "A dispersão de risco é melhor", comentou o CEO da caixa, entidade detida totalmente pela Associação Mutualista Montepio Geral.

 

No plano estratégico, o Montepio tem vindo a reforçar o seu rácio de capital também com a venda de outras posições, por exemplo, no sector dos seguros - estes activos estão agora apenas na associação mutualista e não na caixa. Além disso, também está a realizar um negócio com a casa-mãe para depois vender os activos imobiliários. Tanto os seguros como os imóveis consomem capital e, portanto, pesam nos rácios. 

As participações em África
Segundo o relatório e contas do Montepio e 2015, o Finibanco Angola tem 21 balcões, contando com 194 funcionários. Obteve lucros de 9.112 milhões no ano passado.

Já o Banco Terra Moçambique conta com nove balcões e 180 funcionários. Teve prejuízos de 816 milhões em 2015.

O Montepio tem ainda uma sociedade unipessoal em Cabo Verde.

 



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