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Montepio elimina participada com menos de dois anos de vida
O Montepio vendeu a unidade de capital de risco, constituída em 2014, tal como o Novo Banco tinha feito na sexta-feira. A recuperação de crédito também deixou de ser uma unidade autónoma. O banco está a centrar-se no negócio bancário tradicional.
"Em 8 de Outubro de 2014, foi constituído o Montepio – Capital de Risco, SCR. Esta sociedade de capital de risco apresenta um capital social de 250 milhares de euros e é detida integralmente pelo Montepio Investimentos". A indicação consta do relatório e contas do ano passado do Montepio Investimentos, participada da Caixa Económica Montepio Geral. O período de vida do Montepio – Capital de Risco foi, contudo, reduzido.
Não se passaram dois anos e já foi ditado o desaparecimento desta empresa de capital de risco: "foi deliberada, a 24 de Junho de 2016, pela sua participada Montepio Investimento, S.A. a dissolução do Montepio Capital de Risco, S.C.R., S.A.", anunciou a instituição presidida por José Félix Morgado (na foto) esta segunda-feira, 8 de Agosto, três dias depois de também o concorrente Novo Banco ter anunciado a saída de capital de risco.
No final do ano passado, esta unidade de capital de risco tinha um activo de 421 mil euros face a um passivo de 69 mil euros: o capital próprio resultante, ou seja, o que ficaria se os activos tivessem de fazer face a todas as responsabilidades, era de 352 mil. Dados do relatório e contas do Montepio Investimento.
"A dissolução desta participada decorre da execução do plano estratégico 2016 – 2018, o qual promove um maior enfoque na gestão do negócio bancário ‘core’", explica a caixa económica, que pertence totalmente à Associação Mutualista Montepio Geral, em comunicado ao regulador do mercado de capitais.
Recuperação de crédito perde autonomia
Esse plano também ditou o encerramento do Montepio Recuperação de Crédito, A.C.E, decidido em assembleia-geral daquela participada, a dia 22 de Junho de 2016.
Num outro documento publicado no site oficial do Montepio, é indicado que as duas deliberações "permitem confirmar o bom ritmo de implementação do referido plano, onde a reorganização da plataforma operacional se assume como um dos seus pilares fundamentais, num quadro de aumento da eficiência e o reforço da qualidade de serviço aos seus clientes".
A entidade assegura que não haverá despedimentos ou cortes, já que se trata de uma integração. Uma garantia dada depois de ter reduzido em 350 trabalhadores o seu quadro e num momento em que está a impor a retirada de isenções de horários de trabalho a perto de 500 funcionários.
O Montepio tem estado em reorganização desde que Félix Morgado assumiu o leme da caixa económica, em 2015. Ainda na semana passada, a entidade anunciou a transferência das participadas em Angola e Moçambique para uma parceria com bancos internacionais, o que acabará por possibilitar uma melhoria dos rácios de capital.