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Manuel Fernando Espírito Santo: GES queria vender activos desde 2006
A crise internacional prejudicou o objectivo que o Grupo Espírito Santo tinha de vender activos não financeiros. Desde sempre havia dívida elevada. Mas só em 2014 Manuel Fernando teve noção da verdadeira situação.
O objectivo de vender activos do ramo não financeiro não é novo. Manuel Fernando Espírito Santo, que representava no conselho superior o ramo Moniz Galvão, contou aos deputados que essa era uma meta traçada há oito anos.
"Havia uma estratégia muito clara desde 2006 de vender activos não financeiros", assegurou Manuel Fernando em resposta à deputada bloquista Mariana Mortágua na comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do GES.
Manuel Fernando Espírito Santo relatou, na audição desta terça-feira 16 de Dezembro, que o grupo sabia que tinha um "endividamento alto". "Durante vários anos, tentámos várias formas de reduzir esse endividamento". Porque não ocorreu? "Infelizmente, fomos apanhados na crise de 2008. Isso dificultou-nos bastante a venda de activos", disse o membro da família que é o presidente do conselho de administração (não executivo) da Rioforte - sociedade criada em 2009 para liderar o ramo não financeira do GES.
Em 2010, foi feito uma viagem junto de investidores internacionais para captar investidores. Mas a crise grega e o facto de haver uma carteira de activos "muito diversificada" levaram a que a alienação fosse feita de forma directa, ou seja, não fazer uma venda por inteiro mas por cada activo. Mas nunca se avançou verdadeiramente até este ano.
A Rioforte estava sob a Espírito Santo International, a sociedade em que se detectou dívida escondida no final de 2013. Só aí é que Manuel Fernando diz ter tido noção da "verdadeira situação" do grupo.
Em Janeiro de 2014, foi aprovado um plano de reestruturação que passava, mais uma vez, pela venda de activos e a "alienação da totalidade dos activos não financeiros entre 2014 e 2014, for forma a acelerar a desalavancagem do grupo". Não aconteceu também de modo estruturado, dado que entretanto a empresa teve de pedir a gestão controlada no Luxemburgo – algo que foi negado e acabou por conduzir a companhia para a insolvência. Pelo meio, foi alienada a Espírito Santo Saúde à Fidelidade.