Notícia
Lucro do Santander Totta cresce 90% para 568,5 milhões de euros
Evolução das provisões explica o resultado que compara 298 milhões de euros registados em 2021. CEO recusa ideia de que se são lucros excessivos.
O Santander Portugal registou um lucro recorrente de 568,5 milhões de euros em 2022, numa melhoria de 90% face ao ano anterior. "São resultados muito bons", afirmou o CEO Pedro Castro e Almeida na apresentação dos números.
Horas antes, o grupo Santander anunciou também um lucro recorde de mais de 9,6 mil milhões de euros.
O resultado consolidado é superior (606,7 milhões de euros), devido a operações dentro do próprio grupo.
O produto bancário caiu 2% para 1,29 mil milhões de euros e a margem financeira subiu 7,3% para 782,9 milhões de euros.
As comissões renderam 470 milhões de euros, numa subida de 10,2%.
Os custos operacionais diminuíram 8,1% para 486 milhões de euros, com os gastos com pessoal a descerem 6,6% para 263,4 milhões.
A carteira de crédito à habitação cresceu 5,5% para 23,1 mil milhões de euros. O crédito ao consumo aumentou 6% para 1,8 mil milhões e os empréstimos às empresas caíram 3,8% para 15,4 mil milhões de euros.
O rácio de exposições improdutivas foi de 2%, depois de uma queda de 0,3 pontos percentuais.
Já a carteira de depósitos atingiu 38 mil milhões de euros, num crescimento ligeiro de 0,2%.
O retorno para os acionistas (ROE) quase duplicou também: passou de 6,3% para 12,3%.
O número de agências e trabalhadores voltou a cair: de 2021 para 2022 o Santander passou de 348 para 339 balcões, enquanto os 4.644 funcionários no final do ano passado comparam com 4.805 um ano antes.
O Santander - assim como os restantes bancos - está em plena negociação das atualizações salariais com os sindicatos e na conferência de imprensa o CEO disse que a massa salarial do banco vai crescer 7%, mais do que o aumento de 4% que já decidiu atribuir a todos os colaboradores. "Isto não tem a ver com negociações, tem a ver com capacidade de aumentar pessoas por mérito ou por outros motivos", argumentou Castro e Almeida, sustentando que o banco é "uma empresa privada, muito diferente de uma empresa pública ou de um estado soviético".
Lucros excessivos? País não pode "demonizar lucros"
Na apresentação dos resultados Castro e Almeida recusou que o resultado represente um lucro excessivo: "Os bancos estão há 15 anos com lucros abaixo do custo de capital", realçou, afirmando que 2022 será provavelmente "o primeiro ano em que na banca passamos a ter lucros em que a rentabilidade sobre o capital é superior ao custo sobre o capital". "Se o custo sobre capital é de 10% e a rentabilidade é 11% ou 12%, isso não me parece excessivo", disse.
Para o CEO do banco, também "não podemos olhar para anos isolados" para retirar conclusões sobre o lucro da banca.
"Ter lucro é bom para a economia sociedade e para quem trabalha nas empresas", enfatizou, apontando que não se pode "demonizar lucros ou quem tem um bom ordenado".
Provisões explicam resultado
"2022 foi atípico", afirmou o CEO do banco na conferência de imprensa de apresentação dos resultados, que em larga medida ficam a dever-se à evolução das provisões, que provocaram um efeito base na comparação de 2022 com o ano anterior.
Pedro Castro e Almeida lembra que "em 2021 o banco teve uma provisão de 165 milhões de euros" com a reestruturação levada a cabo nesse ano, e que "a grande diferença é que o volume de provisões [em 2022] é baixo, em vez de ter 150 ou 200 milhões de provisões".
O presidente executivo do Santander Totta acredita no entanto que no segundo semestre, com a evolução das taxas de juro, "essa situação pode mudar".
Dividendos a caminho
O Totta vai distribuir dividendos a Madrid, mas o banco não revela o valor.
O administrador financeiro Manuel Preto afirmou que o banco tem um "nível de capitalização extraordinariamente elevado e é nesse contexto serão tomadas as decisões" da Assembleia Geral marcada para Maio.
O rácio de capital common equity tier 1 (CTE1) desceu de 25,1% para 16,5% devido ao pagamento de dividendos, que depois de ter sido congelado durante a pandemia regressou no ano passado, com a distribuição de 480 milhões relativos a 2019, e 273 milhões relativos a 2021, num total superior a 750 milhões de euros.
Modelo de crescimento do país "não é sustentável"
Olhando para a evolução económica do país, Castro e Almeida apontou riscos e notou que o crescimento do crescimento do produto interno bruto (PIB) em termos anuais pode esconder detalhes importantes: "O crescimento do PIB é fantástico mas numa base trimestral estamos a crescer há quatro trimestres entre 0,2 e 0,4%", afirmou, concluindo que "este não é um modelo sustentável".
O CEO do Santander Totta criticou ainda que "a execução dos fundos comunitários não está a chegar ao país e às empresas", além de apontar outro ponto negativo: uma alteração no motor da economia: "Era o investimento e está a mudar para o consumo e isso não é necessariamente bom".
Por outro lado, realçou pontos positivos, começando pela consolidação orçamental: "Vamos entrar num período em que há uma probabilidade de os 'spreads' da dívida pública alargarem", alertou, considerando que o facto de Portugal hoje pagar uma taxa inferior à de Espanha e Itália dá um bom sinal aos investidores.
Também o "nível de desemprego historicamente baixo, quase em pleno emprego" é um elemento a ter em conta.
O presidente executivo do banco realçou ainda o papel das empresas: "O peso das exportações no PIB está em 45%. Tem impacto do turismo mas as exportações de bens estão acima do pré-pandemia", destacou, acrescentando que "as margens das empresas mesmo neste contexto de subida de preços e salários melhoraram".
Horas antes, o grupo Santander anunciou também um lucro recorde de mais de 9,6 mil milhões de euros.
O produto bancário caiu 2% para 1,29 mil milhões de euros e a margem financeira subiu 7,3% para 782,9 milhões de euros.
As comissões renderam 470 milhões de euros, numa subida de 10,2%.
Os custos operacionais diminuíram 8,1% para 486 milhões de euros, com os gastos com pessoal a descerem 6,6% para 263,4 milhões.
A carteira de crédito à habitação cresceu 5,5% para 23,1 mil milhões de euros. O crédito ao consumo aumentou 6% para 1,8 mil milhões e os empréstimos às empresas caíram 3,8% para 15,4 mil milhões de euros.
O rácio de exposições improdutivas foi de 2%, depois de uma queda de 0,3 pontos percentuais.
Já a carteira de depósitos atingiu 38 mil milhões de euros, num crescimento ligeiro de 0,2%.
O retorno para os acionistas (ROE) quase duplicou também: passou de 6,3% para 12,3%.
O número de agências e trabalhadores voltou a cair: de 2021 para 2022 o Santander passou de 348 para 339 balcões, enquanto os 4.644 funcionários no final do ano passado comparam com 4.805 um ano antes.
O Santander - assim como os restantes bancos - está em plena negociação das atualizações salariais com os sindicatos e na conferência de imprensa o CEO disse que a massa salarial do banco vai crescer 7%, mais do que o aumento de 4% que já decidiu atribuir a todos os colaboradores. "Isto não tem a ver com negociações, tem a ver com capacidade de aumentar pessoas por mérito ou por outros motivos", argumentou Castro e Almeida, sustentando que o banco é "uma empresa privada, muito diferente de uma empresa pública ou de um estado soviético".
Lucros excessivos? País não pode "demonizar lucros"
Na apresentação dos resultados Castro e Almeida recusou que o resultado represente um lucro excessivo: "Os bancos estão há 15 anos com lucros abaixo do custo de capital", realçou, afirmando que 2022 será provavelmente "o primeiro ano em que na banca passamos a ter lucros em que a rentabilidade sobre o capital é superior ao custo sobre o capital". "Se o custo sobre capital é de 10% e a rentabilidade é 11% ou 12%, isso não me parece excessivo", disse.
Para o CEO do banco, também "não podemos olhar para anos isolados" para retirar conclusões sobre o lucro da banca.
"Ter lucro é bom para a economia sociedade e para quem trabalha nas empresas", enfatizou, apontando que não se pode "demonizar lucros ou quem tem um bom ordenado".
Provisões explicam resultado
"2022 foi atípico", afirmou o CEO do banco na conferência de imprensa de apresentação dos resultados, que em larga medida ficam a dever-se à evolução das provisões, que provocaram um efeito base na comparação de 2022 com o ano anterior.
Pedro Castro e Almeida lembra que "em 2021 o banco teve uma provisão de 165 milhões de euros" com a reestruturação levada a cabo nesse ano, e que "a grande diferença é que o volume de provisões [em 2022] é baixo, em vez de ter 150 ou 200 milhões de provisões".
O presidente executivo do Santander Totta acredita no entanto que no segundo semestre, com a evolução das taxas de juro, "essa situação pode mudar".
Dividendos a caminho
O Totta vai distribuir dividendos a Madrid, mas o banco não revela o valor.
O administrador financeiro Manuel Preto afirmou que o banco tem um "nível de capitalização extraordinariamente elevado e é nesse contexto serão tomadas as decisões" da Assembleia Geral marcada para Maio.
O rácio de capital common equity tier 1 (CTE1) desceu de 25,1% para 16,5% devido ao pagamento de dividendos, que depois de ter sido congelado durante a pandemia regressou no ano passado, com a distribuição de 480 milhões relativos a 2019, e 273 milhões relativos a 2021, num total superior a 750 milhões de euros.
Modelo de crescimento do país "não é sustentável"
Olhando para a evolução económica do país, Castro e Almeida apontou riscos e notou que o crescimento do crescimento do produto interno bruto (PIB) em termos anuais pode esconder detalhes importantes: "O crescimento do PIB é fantástico mas numa base trimestral estamos a crescer há quatro trimestres entre 0,2 e 0,4%", afirmou, concluindo que "este não é um modelo sustentável".
O CEO do Santander Totta criticou ainda que "a execução dos fundos comunitários não está a chegar ao país e às empresas", além de apontar outro ponto negativo: uma alteração no motor da economia: "Era o investimento e está a mudar para o consumo e isso não é necessariamente bom".
Por outro lado, realçou pontos positivos, começando pela consolidação orçamental: "Vamos entrar num período em que há uma probabilidade de os 'spreads' da dívida pública alargarem", alertou, considerando que o facto de Portugal hoje pagar uma taxa inferior à de Espanha e Itália dá um bom sinal aos investidores.
Também o "nível de desemprego historicamente baixo, quase em pleno emprego" é um elemento a ter em conta.
O presidente executivo do banco realçou ainda o papel das empresas: "O peso das exportações no PIB está em 45%. Tem impacto do turismo mas as exportações de bens estão acima do pré-pandemia", destacou, acrescentando que "as margens das empresas mesmo neste contexto de subida de preços e salários melhoraram".