Notícia
CEO do Santander: "Não pode ser 'bar aberto' nos créditos"
Pedro Castro e Almeida rejeita "demonização" no tema da renegociação de créditos e afirma que os bancos têm de ser responsáveis na gestão dos empréstimos.
O CEO do Santander avisa que a renegociação de créditos não pode levar a um menor cuidado dos bancos na gestão dos empréstimos.
Na apresentação de resultados do banco, que quase duplicou os lucros em 2022 face ao ano anterior, Pedro Castro e Almeida afirmou que "existe uma enorme assimetria entre o que é falado pela associação de defesa dos consumidores e um ou outro caso".
Reconhecendo que quem tem crédito à habitação há poucos anos sente o impacto da subida das taxas de juro, o CEO garantiu que o banco que lidera está a esforçar-se por analisar a situação de todos os clientes: "No Santander analisámos os 265 mil clientes de crédito à habitação", revelou. "Contactámos todos, tivessem ou não risco de incumprimento", reforçou.
O banco concluiu que "nos que tinham taxa de esforço superior à prevista no decreto de lei, o número de clientes em risco de incumprimento são poucos milhares", garantiu.
Esse cuidado não pode, no entanto, refletir-se em menor atenção ao detalhe: "Tem de haver responsabilidade dos bancos", sublinhou.
Lembrando que "por exigência da Autoridade Bancária Europeia e do Banco Central Europeu, os bancos são obrigados a registar todos os clientes com indícios de dificuldades", e por isso "importa ao banco saber se o cliente teve dificuldades".
Referindo-se ao que considera ser uma "demonização de estar marcado" que tem sido discutida na praça pública, Castro e Almeida pegou num exemplo para demonstrar que os bancos não podem deixar de olhar para cada situação em detalhe: "Imaginemos que alguém tem um crédito à habitação de 100 mil euros a 25 anos, pagava uma prestação de 350 euros que passou para 490 euros. Vai ao banco, reestrutura e o aumento passa a ser para 400 em vez de 490. Se amanhã pedir um crédito pessoal não pode ser indiferente termos este registo e isso é normal", realçou, afirmando que "Não pode ser 'bar aberto' nos créditos".
Castro e Almeida rejeitou as críticas da Deco, que denunciou que há muitos casos em que os bancos diifcultam a renegociação dos empréstimos: "Não me revejo nessa ideia", afirmou, lembrando que nesses processos os bancos têm de pedir informação aos clientes, o que no seu entender não pode ser considerado como uma tentativa de dificultar a renegociação.
Castro e Almeida disse ainda que o incumprimento "está ao nível anterior à subida das taxas de juro".
O banco tem neste momento dois mil contratos de crédito à habitação integrados no PARI (Plano de Ação para o Risco de Incumprimento), o que não significa necessariamente que estejam todos a ser renegociados: "Não sei se chegará a metade disso em reestruturações", afirmou, sublinhando que "agora fala-se muito nisto mas já fazíamos isto todos os meses, este é um número normal".
O presidente executivo do Santander admite no entanto que se as taxas continuarem a aumentar, também o número de renegociações vai crescer: "se calhar em vez de 200 casos [por mês] podem vir a ser 2 mil", constatou.
Amortizações aumentam
Castro e Almeida revelou também que por causa da subida das taxas de juro houve um "aumento de 30% das amortizações de crédito habitação" no Santander.
O CEO avança que os levantamentos de depósitos no banco têm neste momento "dois grandes destinos: a amortização do crédito à habitação e os certificados de aforro".
Remuneração dos depósitos é preocupação dos "10% mais ricos"
Questionado sobre a baixa remuneração dos depósitos no banco, Castro e Almeida sustentou que a grande concentração de depósitos em Portugal é "nas empresas ou nos 10% mais ricos".
"80% dos portugueses não têm poupança, e mesmo na classe média há pouca", sublinhou.
Além disso, "não se pode ignorar o excesso de liquidez no sistema".
Castro e Almeida acredita no entanto que "a subida das taxas foi muito rápida e é perfeitamente normal que agora assistamos a subida nos depósitos. Nos próximos meses vai haver pagamento de depósitos", disse.
Na apresentação de resultados do banco, que quase duplicou os lucros em 2022 face ao ano anterior, Pedro Castro e Almeida afirmou que "existe uma enorme assimetria entre o que é falado pela associação de defesa dos consumidores e um ou outro caso".
O banco concluiu que "nos que tinham taxa de esforço superior à prevista no decreto de lei, o número de clientes em risco de incumprimento são poucos milhares", garantiu.
Esse cuidado não pode, no entanto, refletir-se em menor atenção ao detalhe: "Tem de haver responsabilidade dos bancos", sublinhou.
Lembrando que "por exigência da Autoridade Bancária Europeia e do Banco Central Europeu, os bancos são obrigados a registar todos os clientes com indícios de dificuldades", e por isso "importa ao banco saber se o cliente teve dificuldades".
Referindo-se ao que considera ser uma "demonização de estar marcado" que tem sido discutida na praça pública, Castro e Almeida pegou num exemplo para demonstrar que os bancos não podem deixar de olhar para cada situação em detalhe: "Imaginemos que alguém tem um crédito à habitação de 100 mil euros a 25 anos, pagava uma prestação de 350 euros que passou para 490 euros. Vai ao banco, reestrutura e o aumento passa a ser para 400 em vez de 490. Se amanhã pedir um crédito pessoal não pode ser indiferente termos este registo e isso é normal", realçou, afirmando que "Não pode ser 'bar aberto' nos créditos".
Castro e Almeida rejeitou as críticas da Deco, que denunciou que há muitos casos em que os bancos diifcultam a renegociação dos empréstimos: "Não me revejo nessa ideia", afirmou, lembrando que nesses processos os bancos têm de pedir informação aos clientes, o que no seu entender não pode ser considerado como uma tentativa de dificultar a renegociação.
Castro e Almeida disse ainda que o incumprimento "está ao nível anterior à subida das taxas de juro".
O banco tem neste momento dois mil contratos de crédito à habitação integrados no PARI (Plano de Ação para o Risco de Incumprimento), o que não significa necessariamente que estejam todos a ser renegociados: "Não sei se chegará a metade disso em reestruturações", afirmou, sublinhando que "agora fala-se muito nisto mas já fazíamos isto todos os meses, este é um número normal".
O presidente executivo do Santander admite no entanto que se as taxas continuarem a aumentar, também o número de renegociações vai crescer: "se calhar em vez de 200 casos [por mês] podem vir a ser 2 mil", constatou.
Amortizações aumentam
Castro e Almeida revelou também que por causa da subida das taxas de juro houve um "aumento de 30% das amortizações de crédito habitação" no Santander.
O CEO avança que os levantamentos de depósitos no banco têm neste momento "dois grandes destinos: a amortização do crédito à habitação e os certificados de aforro".
Remuneração dos depósitos é preocupação dos "10% mais ricos"
Questionado sobre a baixa remuneração dos depósitos no banco, Castro e Almeida sustentou que a grande concentração de depósitos em Portugal é "nas empresas ou nos 10% mais ricos".
"80% dos portugueses não têm poupança, e mesmo na classe média há pouca", sublinhou.
Além disso, "não se pode ignorar o excesso de liquidez no sistema".
Castro e Almeida acredita no entanto que "a subida das taxas foi muito rápida e é perfeitamente normal que agora assistamos a subida nos depósitos. Nos próximos meses vai haver pagamento de depósitos", disse.