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CEO do Santander: "Não pode ser 'bar aberto' nos créditos"

Pedro Castro e Almeida rejeita "demonização" no tema da renegociação de créditos e afirma que os bancos têm de ser responsáveis na gestão dos empréstimos.

Miguel A. Lopes / Lusa
02 de Fevereiro de 2023 às 10:22
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O CEO do Santander avisa que a renegociação de créditos não pode levar a um menor cuidado dos bancos na gestão dos empréstimos.

Na apresentação de resultados do banco, que quase duplicou os lucros em 2022 face ao ano anterior, Pedro Castro e Almeida afirmou que "existe uma enorme assimetria entre o que é falado pela associação de defesa dos consumidores e um ou outro caso".

Reconhecendo que quem tem crédito à habitação há poucos anos sente o impacto da subida das taxas de juro, o CEO garantiu que o banco que lidera está a esforçar-se por analisar a situação de todos os clientes: "No Santander analisámos os 265 mil clientes de crédito à habitação", revelou. "Contactámos todos, tivessem ou não risco de incumprimento", reforçou.

O banco concluiu que "nos que tinham taxa de esforço superior à prevista no decreto de lei, o número de clientes em risco de incumprimento são poucos milhares", garantiu. 

Esse cuidado não pode, no entanto, refletir-se em menor atenção ao detalhe: "Tem de haver responsabilidade dos bancos", sublinhou.

Lembrando que "por exigência da Autoridade Bancária Europeia e do Banco Central Europeu, os bancos são obrigados a registar todos os clientes com indícios de dificuldades", e por isso "importa ao banco saber se o cliente teve dificuldades". 

Referindo-se ao que considera ser uma "demonização de estar marcado" que tem sido discutida na praça pública, Castro e Almeida pegou num exemplo para demonstrar que os bancos não podem deixar de olhar para cada situação em detalhe: "Imaginemos que alguém tem um crédito à habitação de 100 mil euros a 25 anos, pagava uma prestação de 350 euros que passou para 490 euros. Vai ao banco, reestrutura e o aumento passa a ser para 400 em vez de 490. Se amanhã pedir um crédito pessoal não pode ser indiferente termos este registo e isso é normal", realçou, afirmando que "Não pode ser 'bar aberto' nos créditos".

Castro e Almeida rejeitou as críticas da Deco, que denunciou que há muitos casos em que os bancos diifcultam a renegociação dos empréstimos: "Não me revejo nessa ideia", afirmou, lembrando que nesses processos os bancos têm de pedir informação aos clientes, o que no seu entender não pode ser considerado como uma tentativa de dificultar a renegociação.

Castro e Almeida disse ainda que o incumprimento "está ao nível anterior à subida das taxas de juro".

O banco tem neste momento dois mil contratos de crédito à habitação integrados no PARI (Plano de Ação para o Risco de Incumprimento), o que não significa necessariamente que estejam todos a ser renegociados: "Não sei se chegará a metade disso em reestruturações", afirmou, sublinhando que "agora fala-se muito nisto mas já fazíamos isto todos os meses, este é um número normal".

O presidente executivo do Santander admite no entanto que se as taxas continuarem a aumentar, também o número de renegociações vai crescer: "se calhar em vez de 200 casos [por mês] podem vir a ser 2 mil", constatou. 

Amortizações aumentam

Castro e Almeida revelou também que por causa da subida das taxas de juro houve um "aumento de 30% das amortizações de crédito habitação" no Santander. 

O CEO avança que os levantamentos de depósitos no banco têm neste momento "dois grandes destinos: a amortização do crédito à habitação e os certificados de aforro".

Remuneração dos depósitos é preocupação dos "10% mais ricos"

Questionado sobre a baixa remuneração dos depósitos no banco, Castro e Almeida sustentou que a grande concentração de depósitos em Portugal é "nas empresas ou nos 10% mais ricos". 

"80% dos portugueses não têm poupança, e mesmo na classe média há pouca", sublinhou. 

Além disso, "não se pode ignorar o excesso de liquidez no sistema". 

Castro e Almeida acredita no entanto que "a subida das taxas foi muito rápida e é perfeitamente normal que agora assistamos a subida nos depósitos. Nos próximos meses vai haver pagamento de depósitos", disse.
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