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João Rendeiro acusa clientes do BPP de ganância
A uma semana de ir a tribunal, a defesa do ex-presidente do BPP, João Rendeiro, argumenta que os clientes do Banco Privado Português foram lesados, por serem gananciosos, de acordo com a imprensa nacional.
A defesa de João Rendeiro, citada pelo jornal “i”, entregue na 2ª Vara Criminal de Lisboa, onde será julgado o ex-banqueiro na próxima quarta-feira, irá concentrar-se no facto do Ministério Público ter avaliado os comportamentos ocorridos em 2007 e 2008, com o conhecimento de 2013.
A mesma defensa argumenta que os accionistas não foram enganados, uma vez que tinham experiência suficiente para saberem estar perante um investimento de risco e se acabaram lesados foi porque foram vítimas das suas ambições, detalhou o “i” e o "Diário de Notícias".
Citando a defensa, o “i” acrescenta: “os presentes autos são o exemplo da cupidez (ambição) de muitos dos aqui assistentes, que, ao longo de vários anos muito ganharam em estratégias de investimento em tudo semelhantes à presente e que agora confrontados com a perda do investimento cujo risco aceitaram, dizem-se enganados”.
Rendeiro argumenta ainda que “sofisticados especuladores bolsistas, vestem a pele de ingénuos e impreparados consumidores, quando muitos deles investiram neste como antes em outros veículos e, pasme-se, investiram também a título particular precisamente no mesmo título em que a Privado Financeiras investiu, o BCP”.
Quanto à estratégia, a defesa refere que “antes do fracasso em torno das acções do BCP, a estratégia havia sido sempre de lucros impressionantes e muito acima dos indicadores de mercado”. E que ninguém poderia adivinhar que “o BCP estivesse tão fraco”.
E se os clientes foram vítimas de uma burla, João Rendeiro diz ter sido “vítima de si próprio”, porque ali também terá investido o seu dinheiro.
“Nenhum burlão em parte alguma do mundo - sem que exista um caso gravíssimo de desdobramento de personalidade esquizofrénica (que não se presume) - actua para ser a principal vítima de si próprio e, parafraseando o poeta, “transformando-se o burlão na coisa burlada”.
A acusação defende que os ex-administradores do banco terão feito uma gestão imprudente do veículo de investimento Privado Financeiras, gestão que terá causado prejuízo a uma centena de clientes e investidores na ordem dos 41 milhões de euros.