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Isabel dos Santos votou contra avaliação que BPI faz da OPA
O representante da empresária angolana na administração do BPI, Mário Leite Silva, votou contra o relatório que rejeita a aceitação da OPA do CaixaBank ao preço actual. O gestor justifica a decisão com “os vícios dos documentos”, como a omissão da estratégia para Angola e Moçambique, disponibilizados pelos catalães. E alerta para os riscos da oferta para os trabalhadores do banco liderado por Fernando Ulrich.
Mário Leite Silva, representante de Isabel dos Santos no conselho de administração do BPI, bem como os administradores nomeados pelos accionistas portugueses que estão no banco desde a fundação – Edgar Ferreira Alves, da Holding Vilas Ferreira, e Armando Leite de Pinho, da Arsopi –, bem como Alfredo Rezende de Almeida, votaram contra o relatório em que a gestão do BPI recomenda a não aceitação da oferta pública de aquisição (OPA) do CaixaBank.
Apenas Mário Leite Silva fez questão de que o relatório incluísse a sua declaração de voto, em que justifica a sua posição com o facto de "não terem sido acolhidas pelo conselho um conjunto de sugestões e propostas de alteração em matérias que reputo de fundamentais", lê-se no documento.
O representante de Isabel dos Santos considera que "os documentos apresentados pelo CaixaBank (…) contêm um conjunto de vícios que prejudicam a sua análise e, em particular, que não são completos e objectivos em relação a vários temas essenciais para a percepção da oferta". E exemplifica: "penso em particular em matérias como as autorizações regulatórias que o oferente terá solicitado e sobre as quais não existe qualquer visibilidade, os planos estratégicos do CaixaBank para os mercados em que o BPI está presente, as repercussões da oferta nos interesses da sociedade visada, em geral, e, em particular, nos interesses dos seus trabalhadores, e ainda os efeitos da consolidação para efeitos contabilísticos e prudenciais do CaixaBank no BPI".
Mário Leite Silva fez questão de deixar claro que a administração do BPI, liderada por Artur Santos Silva e Fernando Ulrich, devia ter-se pronunciado "sobre matérias tão importantes e fundamentais como o destino dos projectos em curso em Angola e Moçambique e a falta de proximidade cultural do CaixaBank em relação a esses projectos, o destino da parceria com o Grupo Allianz", entre outros. E critica o relatório por ser "omisso em relação a tais temas".
O gestor nomeado pela empresária angolana alerta ainda para os riscos da OPA para os trabalhadores do BPI, admitindo que as sinergias da oferta pressuponham "a saída de mais de 1.800 colaboradores da actividade doméstica" do banco.
(Notícia actualizada às 19h42)