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Investigações do Banco de Portugal não assustam Ricciardi

O Banco de Portugal tem processos sobre o BES sob investigação mas o presidente do Haitong Bank, antigo BESI, não teme problemas. "Tenho a consciência perfeitamente tranquila". Ricciardi acusa Salgado e acredita numa boa venda do Novo Banco.

Miguel Baltazar/Negócios
24 de Setembro de 2015 às 14:20
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As investigações que o Banco de Portugal tem em curso relativas ao Banco Espírito Santo e ao Grupo Espírito Santo não assustam José Maria Ricciardi. "Absolutamente nada", disse o presidente do agora designado Haitong Bank quando questionado, no programa Negócios da Semana, na SIC Notícias, sobre se temia ser afastado pelas averiguações do regulador.


"Não. Tenho a consciência perfeitamente tranquilidade", continuou José Maria Ricciardi, na sua primeira grande entrevista depois do escândalo BES. "Nada, nada", respondeu novamente sobre receios em torno dos processos.

 

Para o presidente do antigo BESI, o Banco de Portugal tem, até, "de ser mais exigente nos critérios de idoneidade para exercer este tipo de funções", disse, dizendo que a sua idoneidade "foi confirmada". "O Banco de Portugal reafirmou a minha idoneidade em Junho de 2014 e, até hoje, a mantém sem qualquer reserva", defendeu-se o primo de Ricardo Salgado.

 

A 20 de Junho de 2014, o Banco de Portugal considerou Ricciardi "idóneo" para ser presidente do BESI, depois de um "processo de avaliação muito exigente e longo, que implicou a junção de diversa documentação e a prestação de esclarecimentos a várias questões", conforme disse numa carta enviada à comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do GES.

 

"No entanto, tal não permite excluir em absoluto a possibilidade de, no decurso das investigações associadas aos processos de contra-ordenação instaurados ao BES e a vários administradores e directores deste, bem como por via dos factos que venham a ser conhecidos através das conclusões da auditoria forense, virem a surgir indícios suficientemente fortes de irregularidades imputáveis ao dr. José Maria Ricciardi, dos quais seja possível inferir a eventual perda de capacidade deste para assegurar a gestão sã e prudente da instituição de que é presidente executivo, caso em que o Banco de Portugal terá naturalmente que agir em conformidade", indicava o regulador, conforme escreveu o Negócios.

 

Sem intranquilidade 

Como repetiu esta quarta-feira, 23 de Setembro, no programa da SIC, Ricciardi não teme estas investigações. O presidente do Haitong Bank é arguido no primeiro processo de contra-ordenação do regulador, relativo a papel comercial, mas por negligência. Na entrevista, o gestor quis deixar isso claro: está acusado por negligência e não por dolo porque não sabia da realidade da falsificação de contas das maiores empresas.

"Nada me intranquiliza em relação ao meu futuro", declarou também o presidente do recém-designado Haitong Bank, antigo BESI, depois de vendido pelo Novo Banco ao grupo chinês. Segundo Ricciardi, a venda gerou um ganho de 0,8 pontos percentuais (80 pontos base) ao rácio que mede o melhor capital do Novo Banco, confirmando a notícia do Negócios que dava conta de que o rácio deveria subir, pelo menos, 50 pontos base após a alienação.

 

"Com certeza", Salgado "enganou" Riccardi

 

Relativamente aos problemas no BES, José Maria Riccardi não se quis alongar devido ao segredo de justiça. Disse apenas que não sabia dos problemas do papel comercial da ESI e Rioforte (que acabaram por pesar na resolução do banco), dizendo que nem ele nem Joaquim Goes tinham conhecimento, apesar de liderarem o departamento de risco. Goes, aliás, é notícia da revista Visão esta quinta-feira pela sua defesa no processo do Banco de Portugal, acusando Salgado e Morais Pires, o ex-administrador financeiro do BES, de terem escondido factos ao resto da gestão.

 

Foi enganado por Ricardo Salgado. "Com certeza", respondeu Ricciardi. "Nunca pensei, nem eu nem o Banco de Portugal". "Mas não foi só ele. É preciso que se diga: foi praticado um conjunto de actividades dolosas ao mais alto nível por um conjunto de pessoas, de vários níveis dentro do banco", declarou, sem adiantar nomes. 

Sobre Salgado, José Maria Ricciardi acusou-o de "manipular" em troca de "mordomias". "Isto não é um problema de sangue, é de responsabilidade individual", afirmou o membro da família Espírito Santo, nome que saiu da designação do banco BES e também da unidade de investimento que Ricciardi lidera.

 

Na entrevista à SIC, José Maria Ricciardi também disse que acredita numa boa venda do Novo Banco, depois de cancelado o concurso internacional. Haverá mais interessados, considera, pois já se pode vender apenas parte do capital e não apenas a totalidade, como até aqui.

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