A Haitong vai reembolsar 750 milhões de euros ao Novo Banco. Um pagamento que poderá permitir a desalavancagem do banco liderado por Eduardo Stock da Cunha ou, por outro lado, a libertação de liquidez para outros créditos.

Em entrevista à Reuters, José Maria Ricciardi repetiu uma ideia que tinha já deixado numa outra, na semana passada, à SIC Notícias.

"O Novo Banco […] tem aqui linhas bancárias na casa dos 750 milhões de euros, que agora estão garantidas pelo Haitong Bank", disse o presidente do Haitong Bank, antigo BESI. A intenção é a de pagá-las num prazo que, segundo o gestor, "será relativamente curto".

Não há indicações mais precisas sobre quando é que o banco pretende concretizar esta devolução. Há um prazo de três anos para as pagar, mas o reembolso será antecipada, segundo disse Ricciardi.  

Na mesma entrevista, o antigo administrador do BES explicou o motivo pelo qual detém estas linhas. Aquando da crise, Banco Espírito Santo teve de "repassar" os fundos ao BESI, totalmente controlada pelo banco, já que este não conseguia aceder ao mercado. Agora que o BESI foi vendido ao grupo chinês, essa concentração de dinheiro no Novo Banco não existe e a Haitong quer devolver o dinheiro.

O Novo Banco recebeu 379 milhões de euros com a venda do BESI à Haitong, operação que levou depois o banco de investimento a adoptar o nome do grupo chinês. E poderá haver ver-lhe chegar outros 750 milhões. 

Riccardi diz que a operação permitiu um reforço de capital do Novo Banco na ordem dos 80 pontos base (0,8 pontos percentuais), como já tinha sido avançado numa notícia do Negócios de que a libertação de capital tinha sido superior a 50 pontos base na contabilização do rácio do melhor capital da instituição (Common Equity Tier 1). Além disso, a chegada deste dinheiro também poderá permitir ao banco desalavancar (reduzindo o dinheiro em aplicações) ou a realocação do dinheiro noutros empréstimos.