"As pessoas sentiam que deveríamos passar entre os pingos da chuva e continuar com um conjunto de privilégios, muitos deles completamente imerecidos, que resultavam em mordomias que o dr. Salgado, de uma forma hábil, estava habituado distribuir por essas pessoas", afirmou José Maria Ricciardi durante o programa Negócios da Semana, na SIC Notícias. O responsável acrescentou que em causa estavam mordomias "materiais, de poder e de presença na sociedade."

Ricciardi adianta que estas pessoas, que não enumerou, mas que identificou como família e os principais accionistas do Grupo Espírito Santo (GES) "entendiam que devia calar-me e não devia ter esta atitude, obviamente transformando-me em cúmplice a partir do momento em que tive conhecimento das situações."

O responsável, que se manteve à frente do banco de investimento que pertencia ao grupo e que entretanto foi vendido aos chineses da Haitong, diz estar de "consciência tranquila" sobre todo o processo.

Questionado sobre se Ricardo Salgado comprava as pessoas com mordomias, Ricciardi rejeitou usar o termo comprar, preferindo afirmar que "manipulava e controlava" as pessoas em causa. E que são da "família e não só. Estamos a falar dos principais accionistas."

Estes, "entenderam que eu ao ter este comportamento os tirei desta zona de conforto. E que no fundo fui o culpado do desmoronamento do banco. Isso é absolutamente ridículo. Porque existisse eu ou não iria verificar-se [o desmoronamento] face à gestão absolutamente ruinosa e vergonhosa que foi levada no grupo nestes últimos anos."