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Inquérito ao Banif insiste com audição de Constâncio por videoconferência
Vítor Constâncio declarou que não responde ao Parlamento português mas sim ao Parlamento Europeu. Mesmo assim, a comissão de inquérito ao Banif vai tentar uma audição.
Mesmo depois de Vítor Constâncio ter dito que não tinha de responder perante a comissão do Banif, os deputados do inquérito parlamentar vão insistir com um pedido de audição, mesmo que não presencial.
"O que vamos fazer é propor uma data para a realização [da audição] por videoconferência", afirmou o deputado comunista António Filipe, que preside aos trabalhos da comissão.
Vítor Constâncio é vice-presidente do Banco Central Europeu e é referido em documentação da comissão de inquérito como tendo tido um papel na resolução do Banif com venda ao Santander Totta, mas já declarou publicamente que não tem de prestar esclarecimentos ao Parlamento português. Segundo o antigo governador do Banco de Portugal, enquanto membro do BCE, só tem de falar perante o Parlamento Europeu.
Na semana passada, Constâncio tinha dito que, para além de não ter de responder ao Parlamento Europeu, nem tinha ainda recebido qualquer convocatória nesse sentido. Esta terça-feira, António Filipe confirmou que, na altura, ainda não tinha sido possível contactá-lo naquele momento mas que tal problema já foi resolvido.
A expectativa dos deputados é que consiga haver uma videoconferência. No inquérito ao Banif, Vítor Constâncio não respondeu a 17 das perguntas feitas e começou por dizer que não tinha de prestar quaisquer esclarecimentos.
A maior parte dos depoentes presta esclarecimentos presenciais. Quem é chamado a falar aos deputados e está fora do país pode optar por responder por escrito: são exemplos o ex-ministro Vítor Gaspar e o presidente da consultora que trabalhou com o Banif N+1.
PSD fala em "soberba" de Constâncio
Mesmo depois do pedido de videoconferência anunciado pelo presidente da comissão, o grupo parlamentar social-democrata quis reiterar a "necessidade de a comissão parlamentar de inquérito ouvir Vítor Constâncio". "Não nos conformamos", disse o deputado Carlos Abreu Amorim, já que, segundo o próprio, "é no Parlamento Português que Vítor Constâncio tem de dar as explicações sobre o seu papel no Banif". O parlamentar acrescentou ainda que Constâncio já respondeu por escrito na segunda comissão ao BPN e na do BES, pelo que não faz sentido agora não responder.
Carlos Abreu Amorim, que coordena o PSD no inquérito parlamentar ao Banif, considera por isso que Constâncio está com uma postura "arrogante e de alguma soberba".
O deputado do PSD quis até ligar a recusa de Constâncio em responder ao inquérito parlamentar ao dia da liberdade, festejado esta segunda-feira. "Em homenagem ao 25 de Abril e à democracia parlamentar que o Dr. Vítor Constâncio tem de dar explicações", disse Abreu Amorim, lembrando o facto de o vice-presidente do BCE ter sido também deputado e líder socialista.
Questionado sobre se esta posição não era extensível também ao antigo ministro do PSD Vítor Gaspar, que só admite responder por escrito, o deputado social-democrata afirmou que "não houve recusa". Aí, disse, Gaspar pediu para responder por escrito.
(notícia actualizada às 13:33 com posição do PSD)