O Santander Totta rejeitou 2,2 mil milhões de euros em imóveis e crédito malparado do antigo Banif, que transitaram para a Oitante. Mas o banco pode vir a comprá-los, admite o vice-governador do Banco de Portugal.

"Se a melhor proposta for a do Santander, é do interesse público que seja a esse candidato que seja vendido", declarou José Berberan Ramalho nas respostas ao deputado social-democrata Luís Marques Guedes na audição desta terça-feira, 26 de Abril, da comissão parlamentar de inquérito.

O deputado do PSD questionava a ética de vender activos ao banco que, na resolução, rejeitou integrá-los. "Percebo o problema ético", admitiu o vice-governador do Banco de Portugal. "Mas isso implicaria que o Estado perderia dinheiro", disse, referindo-se a uma rejeição a uma eventual proposta do banco liderado por António Vieira Monteiro por activos da Oitante.

"Num concurso de mercado, em que qualquer participante possa apresentar propostas, e a melhor proposta for do Santander, se não for vendido ao Santander estamos [a causar perdas]", declarou ainda José Berberan Ramalho, que além de vice-governador do regulador é também líder do Fundo de Resolução.

A expectativa do Fundo de Resolução é que a Oitante, de que é accionista único, "consiga vender os seus activos a um valor superior ao das obrigações", avaliadas em 746 milhões de euros. Este é o valor dos activos transferidos depois de aplicado o desconto determinado pela Direcção-Geral da Concorrência. Os activos do antigo Banif transferidos para a Oitante – que passam por imóveis, créditos em incumprimento e participações financeiras – valem 2,2 mil milhões de euros. Qualquer valor acima dos 746 milhões de euros representarão ganhos para o Fundo de Resolução. O contrário idem.

Já a grande maioria dos activos, "cerca de 9,7 mil milhões", foi comprada pelo Santander Totta no âmbito da medida de resolução.

Um dos activos que o Totta adquiriu foi 20% do fundo especial chamado Banif Property, que contém vários imóveis onde estão balcões do banco, incluindo a sede na avenida José Malhoa. Cerca de 49% do fundo está na Oitante e o resto disperso por vários investidores.