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Índia: corrida aos bancos para depositar dinheiro e aos ATM para levantar

A decisão de acabar com as notas de valor mais elevado está a causar transtornos à população.

Apenas 4 mil multibancos na Índia já têm as novas notas Bloomgerg
12 de Novembro de 2016 às 15:49
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Os indianos estão a correr em força aos bancos para depositarem o seu dinheiro, ao mesmo tempo que recorrem aos multibancos para efectuar levantamentos.

 

A explicação é simples. Para combater a corrupção, o governo de Narendra Modi decidiu na quarta-feira retirar de circulação as duas notas mais utilizadas na Índia (de 1.000 e 500 rupias, correspondendo sensivelmente a 13,6 e 6,8 euros), e a população está a a tentar trocar dinheiro velho por novo.

 

O State Bank of India já recebeu depósitos de 7 mil milhões de dólares em notas que saíram de circulação, mas os multibancos não estão a conseguir dar resposta aos levantamentos que os indianos estão a efectuar, em busca de notas que possam utilizar para comprar produtos básicos.

 

Muitas máquinas de multibanco já não têm dinheiro e são muitas as filas junto aos ATM, com relatos de demora demais de quatro horas para as pessoas conseguirem levantar dinheiro.

 

Como nota a Bloomberg, com a decisão de susbstituir mais de 85% das notas em circulação, está a haver uma enorme pressão sobre o sistema bancário para ter dinheiro "novo" em circulação. O Banco central garantiu que está a imprimir notas na sua capacidade máxima.

 

O ministério das Finanças assinalou que existem 4 mil ATM com dinheiro para levantamentos e que a reconfiguração de todos os aparelhos estará terminada no espaço de quatro semanas.

 

O ministro, reconhecendo que uma operação desta magnitude causa sempre problemas, apelou à população para não terem pressa em trocar as notas antigas por novas e pediu para que usem outros meios para efectuar pagamentos, como transferências electrónicas, cartões e cheques.

 

Para manter a decisão secreta, o Governo indiano deliberadamente não reconfigurou todas as 200 mil caixas de multibanco do país. O problema é que as ATM não estão preparadas para que as novas notas de 500 e 2.000 rupias sejam distribuidas, pelo que as máquinas têm que ser alteradas. "Os primeiros dias vão exisir incoveniências, mas as vantagens de longo prazo estendem-se a toda a economia", garantiu o ministro.

 

Combater a corrupção e fuga ao fisco

 

A decisão surpresa foi anunciada na quarta-feira e tem como objectivo revelar riqueza escondida do sistema tributário e combater a corrupção e a circulação de dinheiro falso. 

 

 

"Já alguma vez pensámos como é que os terroristas conseguem o seu dinheiro? Através do uso de moeda falsa", refere o primeiro-ministro Narendra Modi, justificando a decisão.

 

As notas antigas poderão ser usadas nos próximos dias em locais como estações ferroviárias e hospitais públicos, mas todas deverão ser entregues aos bancos até 30 de Dezembro.

Vendedores e retalhistas encontram dificuldades nas vendas, nomeadamente na devolução de troco aos clientes e com a recusa das notas agora fora de circulação, relata a Reuters.

A mesma fonte sublinha que as mesmas dificuldades se estendem a postos de combustível e hospitais. Estes locais recusam-se a receber as notas, apesar do governo ter dado espaço de manobra para continuar a aceitá-las.

 

O banco central anunciou que no ano fiscal terminado em Março foram detectadas 405.000 notas de 500 e 1.000 rupias contrafeitas. Investigadores do Instituto Estatístico indiano prevêem que este ano o valor de notas falsas em circulação, incluindo as que não forem detectadas pelos bancos, totalizará cerca de 60 milhões de dólares.

A retirada das notas de 500 e 1.000 rupias vem também trazer ao sistema tributário riquezas que têm fugido do pagamento de impostos. O governo de Modi pretende assim evitar a evasão fiscal, permitindo que os contribuintes assumam as suas responsabilidades e assumam as quantias não declaradas sem sofrer quaisquer sanções.

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