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Grandes fundos boicotam emissão do BCP por causa do BES

A Pimco e a BlackRock, entre outras, anunciam que não vão participar na emissão de obrigações do BCP que irá decorrer amanhã. Em causa a retransmissão de obrigações do Novo Banco para o BES "mau".

Inês Lourenço
28 de Novembro de 2017 às 17:35
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Attestor Capital, BlackRock, CQS, Pimco, River Birch Capital e York Capital: todas estas gestoras de fundos de investimento vão boicotar a emissão de 300 milhões de euros que o Banco Comercial Português (BCP) vai realizar esta quarta-feira.

 

"Não vamos participar nesta emissão. Todos decidimos que os riscos associados a investir activamente em dívida pública ou privada de Portugal são proibitivos, já que o Banco de Portugal ainda não resolveu a retransmissão ilegal e discriminatória das obrigações do Novo Banco para o BES em 2015", indica o porta-voz de todas essas entidades em e-mail enviado às redacções.

 

A emissão do BCP foi noticiada na semana, quando anunciado que a instituição financeira iria realizar um "roadshow" no início desta semana. Segundo o que está previsto, a emissão está agendada para quarta-feira, 29 de Novembro. Em causa está a emissão de 300 milhões de euros em obrigações a 10 anos, passíveis de serem reembolsadas ao fim de cinco anos.

 

"Temos vontade de retomar as discussões com as autoridades portuguesas de forma a resolver rapidamente esta situação e de reestabelecer Portugal como um destino credível para investimento estrangeiro", continua a mesma fonte, que ressalva que a decisão de não investimento na emissão é individual de cada instituição, apesar da nota conjunta. O BCP não faz comentários ao Negócios sobre este comunicado. 

 

Em causa está a retransmissão de dívida sénior do Novo Banco para o BES "mau" a 29 de Dezembro de 2015. Na resolução de 3 de Agosto de 2014, a dívida sénior passou para o Novo Banco, mas mais de um ano após a resolução, o Banco de Portugal decidiu enviar cinco linhas de obrigações seniores para o BES "mau", avaliadas em torno de 2 mil milhões de euros, por considerá-las ligadas ao Goldman Sachs, que tinha sido accionista do banco. Desde aí, estas entidades têm vindo a combater, até judicialmente, a decisão da autoridade presidida por Carlos Costa. Aliás, segundo o Financial Times, estas entidades boicotaram, igualmente, a emissão de dívida feita pela Caixa Geral de Depósitos no âmbito da sua capitalização.

 

Não é claro se, nas últimas operações, estas gestoras de fundos de investimentos participaram em operações de mercado protagonizadas pelo BCP ou outras empresas nacionais, pelo que não é possível calcular o eventual impacto que uma decisão deste género poderia ter. Certo é que a BlackRock é accionista do banco presidido por Nuno Amado: tinha 2,63% do capital do banco em Outubro.


(notícia actualizada com mais informações às 18:01)

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