"Não nos foi solicitado nada" por parte da Portugal Telecom por causa do investimento desta empresa em dívida da Rioforte. Foi-nos pedida uma apresentação institucional da Rioforte por Isabel Almeida (antiga directora financeira do BES), mas não especificamente para a PT. Tivemos várias reuniões com investidores mas isso não aconteceu com a PT", contou Gonçalo Cadete, antigo administrador financeiro da holding do GES, esta terça-feira, 24 de Fevereiro, na Comissão Parlamentar de Inquérito à Gestão do BES e do GES.

O gestor explicou que as emissões de dívida em que a PT investiu, que totalizaram 897 milhões, foram realizadas por causa da compra do Espírito Santo Financial Group (ESFG) por parte da Rioforte.

"No quadro da compra do ESFG, houve um aumento das linhas de dívida e informámos os bancos colocadores, o Banque Privée e o BES. Depois, foi-nos comunicado que havia um tomador interessado nas várias emissões", recordou Gonçalo Cadete, sem referir especificamente o interesse da PT. "O BES informou o Privée, que era o banco líder, que informou a nossa área financeira" e, a partir daí, a Rioforte fez as emissões para a PT subscrever.

"Foram emissões de muito curto prazo. A primeira a 64 dias e a quarta a 54 dias. Foram comunicadas em Fevereiro e somavam 897 milhões. Tinham vencimentos em meados de Abril", descreveu.

O objectivo era "transformar estas dívidas de curto prazo em financiamentos de longo prazo, através da emissão de obrigações conversíveis em capital e com o aumento de capital" da Rioforte. "Foi-nos dito que (as emissões tomadas pela PT) seriam renovadas a um ano. O que não aconteceu. (O empréstimo) foi renovado a três meses, com uma espécie de compromisso de manter por um ano", contou o gestor.