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Faria de Oliveira: Imparidades excessivas podem ser "duplamente inconvenientes"

O ex-presidente da CGD lembra que não se deve reconhecer demasiadas imparidades, para além do aceitável. Beneficia a rentabilidade mas traz riscos e desincentivos.

24 de Janeiro de 2017 às 15:48
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Fernando Faria de Oliveira, antigo presidente executivo da CGD entre 2008 e 2011, considera que os bancos não devem constituir imparidades demasiado elevadas se não forem efectivamente necessárias.

 

"Adoptar uma estratégia de imparização demasiado agressiva, acima das imparidades aceitáveis e correctamente registadas (onde são particularmente importantes os ‘comparáveis’ com as outras instituições, designadamente os seus pares, dos rácios de cobertura do crédito), pode ser duplamente inconveniente", alertou o agora presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB).

 

Na audição desta terça-feira, 24 de Janeiro, da comissão parlamentar de inquérito, Faria de Oliveira mencionou que, com imparidades excessivas, se está a desvalorizar activos e tal exige mais capital. Apesar disso, a rentabilidade até sobe.

 

"Do ponto de vista prudencial e de gestão do banco, quanto mais fortes estiverem os balanços e mais elevados forem os rácios de capital, melhor", admitiu.


Contudo, avisou Faria de Oliveira, "na óptica da estabilidade financeira, tem de haver preocupações de equilíbrio". "Além disso, não devem criar-se desincentivos à recuperação de créditos, que podem demonstrar-se perversos", acrescentou.

 

"Efeito de contaminação"

 

O líder da APB, que liderou o banco entre 2008 e 2011 e foi depois, até 2013, presidente não executivo, também não esqueceu os efeitos de "contaminação no sistema financeiro, em especial nos bancos que servem os mesmos clientes ou no caso de promover novos ‘benchmarks’, usados por auditores e supervisores para exigir um maior nível de cobertura às outras instituições do sistema".

 

Uma imparidade é constituída quando existem indícios de que o crédito concedido pelo banco não será pago e, por isso, é reconhecido como perdido. Com o reconhecimento da perda, o resultado é prejudicado inicialmente mas acaba depois por deixar de pesar na instituição financeira.

 

A CGD está a ser alvo de uma capitalização, acordada pelo ex-presidente António Domingues, pelo Governo e pela Comissão Europeia, de 5.160 milhões de euros, em grande medida para cobrir imparidades. Sendo o maior banco do sistema, o banco público acabou por ter influenciado a determinação das imparidades noutros bancos, nomeadamente o BCP.

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