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Europa quer conhecer situação dos bancos gregos até ao final do verão
Os bancos gregos vão ser sujeitos a testes de stress acelerados que deverão estar concluídos no final do verão, para que as instituições possam ser recapitalizadas até ao fim do ano.
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As autoridades europeias querem conhecer a situação real dos bancos gregos nos próximos meses. O objectivo é estabelecer as suas necessidades de capital, para que as instituições possam ser recapitalizadas até ao final do ano, evitando que os grandes accionistas e obrigacionistas possam vir a ser penalizados. Para isso, os bancos gregos vão ser sujeitos a testes de stress acelerados, avança a Reuters.
Segundo a agência noticiosa, que cita uma fonte do sector bancário, o escrutínio por parte dos reguladores europeus e gregos deverá estar concluído após o verão.
Os bancos gregos já foram submetidos a testes de esforço e avaliações da qualidade dos activos no ano passado, num procedimento regular que demorou nove meses.
No entanto, desde essa altura, a situação financeira dos quatro principais bancos do país – National Bank of Greece, Piraeus Bank, Eurobank Ergasias e Alpha Bank – deteriorou-se juntamente com a economia nacional.
Como tal, torna-se necessário avaliar as necessidades de capital das instituições, que terão de ser recapitalizadas pela terceira vez desde 2010.
"A avaliação global será concluída após o verão", adiantou à Reuters fonte do sector bancário. "Vai ser um processo mais rápido do que as avaliações do ano passado".
Uma outra fonte do sector refere que "a grande questão" é saber o que os testes de stress vão mostrar, "quão grande é o défice de capital".
Segundo dados das instituições credoras, a recapitalização dos quatro maiores bancos do país poderá totalizar entre 10 e 25 mil milhões de euros.
Os testes de stress serão "acelerados" porque a recapitalização dos bancos deverá estar concluída até ao final do ano, para evitar que os accionistas e obrigacionistas possam vir a ser prejudicados. Isto porque no passado dia 22 de Julho o parlamento grego aprovou o segundo conjunto de reformas (condição para o início das negociações com os credores sobre o terceiro resgate) que incluiu a transposição da directiva europeia referente à resolução de bancos e à garantia de depósitos.
As novas regras europeias (que já foram adoptadas por muitos Estados-membros, incluindo Portugal) garantem que os contribuintes serão os últimos a eventualmente suportar os encargos decorrentes de colapsos dos bancos, assumindo os respectivos accionistas e credores essa responsabilidade primordial – o chamado ‘bail-in’.
Ora, como a legislação entra em vigor a partir de Janeiro de 2016, o objectivo é que a recapitalização esteja concluída antes.
"Terá de ser uma corrida contra o tempo para concluir a recapitalização até ao final deste ano. Se isso for feito em 2016, quando a directiva entrar plenamente em vigor, poderá haver um risco para os grandes depositantes", acrescenta a fonte do sector bancário, citada pela Reuters.
O ministro das Finanças Euclid Tsakalotos já tinha afirmado esta semana que os credores internacionais também queriam completar a recapitalização até ao final do ano. Esta sexta-feira, informou que também as instituições de crédito de menor dimensão deverão ser recapitalizadas.
"A intenção do governo é fortalecer os bancos cooperativos. Com este objectivo, as propostas do governo incluem os bancos cooperativos na recapitalização do sistema bancário", afirmou o ministro, citado pelo The Guardian.
Os bancos gregos estiveram encerrados de 26 Junho a 20 de Julho, e o controlo de capitais tem penalizado a sua situação financeira.
Desde Janeiro, quando o Syriza chegou ao poder, os bancos já perderam 75% ou 14,5 mil milhões de euros do seu valor de mercado.