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Estado consegue vender BPN Brasil à segunda tentativa
Depois de não ter conseguido alienar ao angolano BIC, a sociedade estatal Parparticipadas, herdeira do banco nacionalizado, conseguiu vender o BPN Brasil à brasileira Crefipar. Preço foi de 9 milhões, 4 milhões abaixo do previsto.
O Estado vendeu mais um activo do BPN. A alienação do BPN Participadas Brasil, anunciada em Fevereiro por 13 milhões de euros, foi concretizada pela sociedade pública Parparticipadas esta quarta-feira, 14 de Junho, por perto de 9 milhões. O comprador é uma empresa brasileira.
"Foi hoje concretizada a venda da totalidade da sua participação de 94,09% do capital social da sociedade BPN Participações Brasil (sociedade holding que detém uma participação de 99,99% no Banco BPN Brasil, sociedade de direito brasileiro, sediada em São Paulo, Brasil, que se dedica à actividade bancária e demais actividades abrangidas pelo seu objecto social) à Crefipar Participações e Empreendimentos", indica a Parparticipadas em comunicado.
A nota à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) desta quarta-feira não indica o valor da operação, remetendo para o comunicado de 6 de Fevereiro, quando foi celebrado o acordo de venda: 11,03 milhões de euros – referente aos capitais próprios na data de 30 de Novembro de 2016 – acrescido de um ágio de 2 milhões, totalizando 13,03 milhões.
Contudo, o preço de fecho é diferente, ao que o Negócios apurou: o preço de venda foi de 7 milhões, a que foi adicionado o ágio de 2 milhões, totalizando 9 milhões. Isto porque os capitais próprios que efectivamente foram tidos como referência foram do mês anterior ao encerramento do processo, ou seja, Maio de 2017.
A alienação decorre no âmbito do concurso iniciado em 2016, o segundo para vender a instituição financeira brasileira. No primeiro, o Banco Central do Brasil indeferiu o pedido de autorização que o angolano BIC tinha colocado, sendo que o Negócios noticiou que tal se devia à estrutura do banco de que Isabel dos Santos é accionista, por não haver consolidação de contas entre as várias instituições sob aquela insígnia.
Com esta operação de venda à Crefipar, a Parparticipadas livra-se de mais um activo do BPN. Aliás, isso mesmo é dito no comunicado: "com esta transacção, dá-se continuidade ao processo de venda das participações sociais que foram transferidas do Banco Português de Negócios para o Estado em Fevereiro de 2012". A passagem para estas sociedades estatais (Parvalorem, Parups e Parparticipadas) foi feita antes da venda do BPN, nacionalizado em 2008, ao português BIC (que partilha a grande maioria da estrutura accionista com o BIC angolano).
A Parparticipadas, que ficou com as participações em empresas do BPN, tem agora duas entidades por resolver: o banco de investimento português Efisa, cuja venda à Pivot, falhou; o BPN Creditus Brasil, que estava, em 2016, entre um novo processo de alienação ou liquidação; e o Imofundos, que a gestão da sociedade optou por manter em funcionamento por gerir 83% dos fundos da Parups.
Quem é a Crefipar
A Crefipar Participações e Empreendimentos foi fundada em 1972 e tem sede em São Paulo, Brasil. Segundo o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, trata-se de uma holding de instituições não financeiras.
De acordo com a edição de Março de 2016 da IstoÉDinheiro, a Crefipar é a holding que concentra os negócios do empresário José Roberto Lamacchia e da sua mulher Leila Mejdalani Pereira, entre os quais a empresa de crédito pessoal Crefisa que concede "empréstimos a aposentados, pensionistas e servidores públicos".
Segundo a Câmara Municipal de São Paulo o casal fundou ainda a FAM - Faculdade das Américas. Lamacchia e Leila Pereira são ambos actualmente candidatos ao Conselho Deliberativo do clube de futebol Palmeiras (de que a Crefisa é o maior patrocinador), cuja eleição se realiza no próximo dia 11.
(Notícia actualizada às 16:46 com informações sobre o preço)