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Centeno avisa que digitalização "pode induzir bancos a assumir maior risco de crédito"

Numa altura em que os bancos fazem investimentos significativos para acompanhar a transição digital, Centeno alerta para o risco de a banca assumir maior risco de crédito, na tentativa de obter maior rendibilidade.

Mário Centeno, governador do Banco de Portugal, elogiou as medidas no âmbito do mercado de trabalho.
Manuel de Almeida/Lusa
Rafaela Burd Relvas rafaelarelvas@negocios.pt 18 de Novembro de 2021 às 10:23
A digitalização do setor financeiro pode levar os bancos a assumir mais risco de crédito, numa tentativa de obter uma maior rendibilidade e compensar o investimento significativo que têm de fazer para acompanhar este processo. A ideia é transmitida pelo governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, que lembra que este cenário "não pode ser descurado" e alerta ainda para os riscos das "big tech", que não são abrangidas pelos reguladores.

O governador falava na conferência Banca do Futuro, organizada pelo Jornal de Negócios, que decorre esta quinta-feira, 18 de novembro. Na intervenção de abertura da conferência, Mário Centeno começou por frisar que a banca portuguesa está hoje "mais resiliente, mais eficiente, com melhor qualidade de ativos e com rácios de capitais estáveis". Contudo, ressalva, "subsistem fragilidades".

E a digitalização dos serviços bancários, considera, vem expô-las. "A transição digital começou no início da década passada e tem subjacente uma mudança de paradigma assente no modelo de negócio. Nos últimos dois anos, os bancos portugueses realizaram um investimento significativo nesta transição. Aumentaram a velocidade da prestação de serviços financeiros e reduziram custos", reconheceu o governador.

Mas salientou: "Neste processo, também podem ser induzidos a assumir mais risco de crédito, para aumentar a rendibilidade e permanecer competitivos, o que não pode ser descurado".

Ao mesmo tempo, sublinhou ainda, há novos operadores no setor que ainda atuam de forma desregulada e que trazem riscos para o lado do consumidor. "O futuro passa pela tecnologia, mas não podemos esquecer que as 'big tech' estão fora do perímetro regulatório. A recolha de dados dos seus clientes, por exemplo, é um percurso que precisa de ser monitorizado", afirmou.

Outro dos desafios trazidos pela digitalização está relacionado com a cibersegurança. "Muitos bancos recorrem a um mesmo fornecedor de segurança cibernética. Nesse contexto, um ataque cibernético a um único fornecedor pode representar um risco de natureza sistémica. O risco cibernético é relevante no desenho de medidas prudenciais", disse Centeno.
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