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Resolver problema do Novo Banco por fases evitou crise sistémica, diz Fernando Ulrich

Fernando Ulrich, "chairman" do BPI, considera que foi melhor que o problema do Novo Banco tivesse "sido resolvido gradualmente ou por fases", em vez de se pôr mais dinheiro inicialmente no banco.

Mário Cruz / Lusa
08 de Junho de 2021 às 16:52
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Fernando Ulrich, presidente do conselho de administração do BPI, considera que foi melhor para o sistema financeiro que o problema do Novo Banco tenha sido resolvido "por fases", em vez de se ter colocado inicialmente mais dinheiro no banco. Isso podia ter provocado uma crise sistémica, afirma. 

"Penso que foi melhor que o problema tenha sido resolvido gradualmente ou por fases. Se foi uma estratégia ou se foi o desenrolar dos acontecimentos, não é relevante", disse Fernando Ulrich aos deputados, na comissão parlamentar de inquérito ao Novo Banco. 

"Não quero pensar sequer nas consequências" se, em vez dos 4,9 mil milhões que foram injetados no Novo Banco, "tivessemos acordado naquele fim de semana de agosto com a notícia de que seriam 10 mil milhões". 

Pôr mais dinheiro no banco, nessa altura, poderia "ter provocado uma crise sistémica", disse o gestor aos deputados, notando que "exigir mais dinheiro aos credores naquela altura também podia ser muito delicado, dada a dependência de Portugal dos mercados de dívida. Pedir dinheiro dos impostos era muito difícil de entender pela população portuguesa". 

Questionado pelo deputado do PS João Paulo Correia sobre a utilização da linha da "troika", o banqueiro disse que "nunca percebi por que razão o BES nunca recorreu às ajudas europeias destinadas aos bancos. Durante muito tempo fizeram disso grande motivo de orgulho: não terem aderido às linhas de apoio da troika".

Perdas devem-se a decisões tomadas no BES

Na sua intervenção inicial, Fernando Ulrich recordou ter dito, numa entrevista ao Expresso, em setembro de 2014, que esperava que o Banco de Portugal tivesse "feito bem as contas" e não acreditar que "em dois ou três anos" o banco pudesse "estar melhor".

"Infelizmente tive razão nestas duas afirmações", disse aos deputados, notando que é preciso perceber se as perdas no Novo Banco foram criadas até agosto de 2014 ou já na gestão do Novo Banco. 

"Não tenho elementos para responder com precisão, mas a minha impressão, a minha perceção, a minha sensação, com base na minha experiência e daquilo que fui observando, é que uma parte muito significativa dos 16,4 mil milhões de euros de capital utilizados para cobrir prejuízos, se deveu a decisões tomadas antes de agosto de 2014", disse.

Credores deviam ter pago mais na resolução
Ulrich referiu ainda na intervenção inicial que "à tragédia causada pela gestão do banco seguiu-se, a partir de agosto de 2014, uma história de sucesso".

No entanto, considerou que "o esforço de capitalização do banco foi mal e injustamente distribuído", uma vez que "a participação dos credores deveria ter sido bem maior e a do Fundo de Resolução muito mais pequena".


(Notícia atualizada com mais informação.)
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