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Resolver problema do Novo Banco por fases evitou crise sistémica, diz Fernando Ulrich
Fernando Ulrich, "chairman" do BPI, considera que foi melhor que o problema do Novo Banco tivesse "sido resolvido gradualmente ou por fases", em vez de se pôr mais dinheiro inicialmente no banco.
"Penso que foi melhor que o problema tenha sido resolvido gradualmente ou por fases. Se foi uma estratégia ou se foi o desenrolar dos acontecimentos, não é relevante", disse Fernando Ulrich aos deputados, na comissão parlamentar de inquérito ao Novo Banco.
Pôr mais dinheiro no banco, nessa altura, poderia "ter provocado uma crise sistémica", disse o gestor aos deputados, notando que "exigir mais dinheiro aos credores naquela altura também podia ser muito delicado, dada a dependência de Portugal dos mercados de dívida. Pedir dinheiro dos impostos era muito difícil de entender pela população portuguesa".
Questionado pelo deputado do PS João Paulo Correia sobre a utilização da linha da "troika", o banqueiro disse que "nunca percebi por que razão o BES nunca recorreu às ajudas europeias destinadas aos bancos. Durante muito tempo fizeram disso grande motivo de orgulho: não terem aderido às linhas de apoio da troika".
Perdas devem-se a decisões tomadas no BES
Na sua intervenção inicial, Fernando Ulrich recordou ter dito, numa entrevista ao Expresso, em setembro de 2014, que esperava que o Banco de Portugal tivesse "feito bem as contas" e não acreditar que "em dois ou três anos" o banco pudesse "estar melhor".
"Infelizmente tive razão nestas duas afirmações", disse aos deputados, notando que é preciso perceber se as perdas no Novo Banco foram criadas até agosto de 2014 ou já na gestão do Novo Banco.
"Não tenho elementos para responder com precisão, mas a minha impressão, a minha perceção, a minha sensação, com base na minha experiência e daquilo que fui observando, é que uma parte muito significativa dos 16,4 mil milhões de euros de capital utilizados para cobrir prejuízos, se deveu a decisões tomadas antes de agosto de 2014", disse.
Credores deviam ter pago mais na resolução
Ulrich referiu ainda na intervenção inicial que "à tragédia causada pela gestão do banco seguiu-se, a partir de agosto de 2014, uma história de sucesso".
No entanto, considerou que "o esforço de capitalização do banco foi mal e injustamente distribuído", uma vez que "a participação dos credores deveria ter sido bem maior e a do Fundo de Resolução muito mais pequena".
(Notícia atualizada com mais informação.)