Notícia
Candidata a administradora do BdP acredita que regras da banca podem ser repensadas
Ana Paula Serra, na audição parlamentar que antecede a sua nomeação para administradora do Banco de Portugal, defende que há muito a reflectir nas regras bancárias europeias. E sugere que Portugal poderia esperar pela Europa na sua reforma da supervisão.
A candidata a administradora do Banco de Portugal, Ana Paula Serra, considera que as actuais regras de resolução bancárias têm de ser repensadas. Um dos aspectos é, por exemplo, o facto de os depósitos superiores a 100 mil euros não estarem protegidos em caso de intervenção.
"Há aqui alguma reflexão a ter, nomeadamente as regras de ‘bail in’", disse Ana Paula Serra, actual membro da comissão de auditoria do regulador da banca, referindo-se às regras que podem impor perdas a accionistas e obrigacionistas das instituições financeiras, mas também aos depositantes com mais de 100 mil euros. Ana Paula Serra deu mesmo o exemplo das pequenas e médias empresas que podem ter depósitos neste montante e que depois podem sair prejudicadas nas resoluções.
Sobre o novo modelo de supervisão que pode vir a mudar em Portugal – como o Governo já anunciou ser sua intenção –, Ana Paula Serra comentou que tem de ter em conta o que é o tecido regulatório europeu. "Se calhar é melhor esperar para ver se o modelo de resolução vai mesmo ficar assim, ou se vai ser alterado", acrescentou.
Ao longo da audição, a candidata proposta ao BdP foi dizendo que "não há evidência" de perceber que o actual enquadramento de supervisão bancária na União Europeia é o mais consistente, admitindo que poderá haver alterações. Além disso, Ana Paula Serra sublinhou que tem de haver uma "coordenação mais efectiva" no quadro regulatório. "Não pode ser algo que fique ao nível meramente informal".
"Vai ser preciso continuar esta discussão no sentido de saber que modelo institucional é que permite que supervisão comportamental que se faz aos vários níveis é a que melhor protege os cidadãos", acrescentou a candidata a membro da administração do Banco de Portugal, na audição parlamentar que antecede as nomeações para o regulador.