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Buraco do BES é de 2,4 mil milhões de euros

Mais de um ano depois da resolução, foi revelado o balanço do Banco Espírito Santo, designado de banco "mau". Mesmo vendendo todos os seus activos, o BES ficaria com um buraco de 2,4 mil milhões de euros.

Bruno Simão/Negócios
07 de Agosto de 2015 às 14:09
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2,4 mil milhões de euros negativos. Foi este o buraco herdado pelo Banco Espírito Santo, o chamado banco "mau", após a resolução aplicada pelo Banco de Portugal. Em termos muitos simples, o património do BES transferido do antigo banco estava avaliado em 193 milhões de euros, mas as responsabilidades são muito superiores, na ordem dos 2,6 mil milhões.

 

Os números foram revelados pela instituição liderada por Luís Máximo dos Santos em comunicado publicado através do site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, confirmando números que tinham sido já avançados pela TVI no arranque da semana.

 

O balanço da instituição financeira mostra os seus activos – aquilo que a empresa tem na sua posse – e os seus passivos – conjunto de responsabilidades que enfrenta. Os capitais próprios são a diferença entre os activos e os passivos, ou seja, aquilo que uma empresa efectivamente possui após liquidar todas as suas responsabilidades. A sua situação é negativa quando há mais passivo que activo. O que acontece com o Banco Espírito Santo.

 

De acordo com o balanço revelado, o capital próprio do BES, que herdou os chamados activos e passivos problemáticos do banco que lhe deu o nome, é de 2,4 mil milhões de euros negativos a 4 de Agosto de 2014, o dia que se seguiu à resolução.

 

O valor resulta tem como base um activo de 193 milhões de euros, entre investimentos em associadas, créditos a clientes e 10 milhões de euros que foram disponibilizados aquando da resolução para o trabalho da administração na recuperação dos activos.

O resultado líquido do período foi negativo em 8,94 mil milhões de euros. Foi este valor que destruiu o capital do banco e acabou por contribuir para o buraco (capital próprio negativo) de 2,4 mil milhões. 

Provisões representam mais de dois terços do passivo

 

Já o passivo do BES é bem superior ao activo. São 2,6 mil milhões de euros a 4 de Agosto de 2014. Aí, encontram-se depósitos (como os de ex-administradores, que ficaram aí congelados) mas também provisões – dinheiro que foi dado como perdido para precaver perdas futuras. São mil milhões de euros em provisões.

 

Também é aqui que há passivos subordinados, nomeadamente a dívida subordinada que o Banco de Portugal não transferiu para o Novo Banco, já que, segundo as regras comunitárias, são os titulares deste tipo de dívida e os accionistas que têm de suportar os encargos com o resgate a bancos.

O que é o banco "mau"

 

O Banco Espírito Santo era um dos maiores bancos portugueses mas, na sequência de operações que criaram perdas na instituição, o regulador do sector financeiro optou por aplicar uma medida de resolução. Os activos e passivos do BES passaram para o Novo Banco, com excepção dos que eram considerados tóxicos (como a posição no capital do BES Angola) e de depósitos de ex-administradores do banco. Daí a designação de "bad bank", ou, em português, banco "mau".

 

Durante mais de um ano, esperou-se o balanço da instituição, que nunca tinha sido revelado. Havia divergências entre as auditoras que trabalharam em torno deste balanço, que impediam a sua divulgação.

 

Sob o comando de Máximo dos Santos, a instituição financeira teve de constituir o balanço que foi alvo de ajustamentos "decorrentes da sua apreciação sobre a recuperabilidade dos activos e a completude dos passivos que compunham o balanço do BES a 4 de agosto de 2014 com base em toda a informação conhecida até à data de aprovação do balanço".



Acções continuam suspensas

0,12 euros. Esta foi a última cotação das acções do BES, precisamente a meio da tarde de 1 de Agosto, quando foram suspensas pela CMVM, a aguardar a divulgação de informação. Com a separação entre Novo Banco e "banco mau", os títulos mantiveram-se suspensos.


O levantamento da suspensão da negociação das acções e títulos de dívida do BES continua à espera da divulgação de informação financeira pela instituição liderada por Luís Máximo dos Santos. Informação que o BES disponibilizou esta sexta-feira, 7 de Agosto, alguns dias depois do primeiro aniversário da resolução.

 

Segundo disse ao Negócios fonte oficial da CMVM em Maio deste ano, o regulador "continua a aguardar pela divulgação das contas do BES para poder decidir sobre o levantamento da negociação dos títulos do BES ou a eventual exclusão de negociação". Ou seja, mesmo depois de publicadas as contas do BES, as acções podem não voltar a transaccionar.


A CMVM aguarda também "a divulgação das contas do balanço com os activos e passivos do BES, bem como da avaliação do banco na data anterior ao anúncio da medida de resolução, para efeitos de cálculo dos direitos dos credores do banco". O que permitirá perceber o valor das acções e títulos de dívida.

 

Certo é o prejuízo dos investidores. "O que podem vir a receber será sempre negativo, quanto mais tempo passa, maior é a perda", diz Octávio Viana. Para o presidente da associação de pequenos investidores, "as acções todos os dias perdem valor, devido ao custo de oportunidade e ao custo do dinheiro". André Veríssimo/Raquel Godinho

 

 


(Notícia actualizada com mais informações às 16h40)
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