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BESI: Avaliações à Tranquilidade e Escom são "salgadas" por conta das suas administrações
O banco liderado por Ricciardi defende que as opiniões de valor feitas sobre a Escom e Tranquilidade tiveram como base dados das administrações. Por isso, sobre a acusação de avaliações "salgadas", o BESI diz que são elas as cozinheiras "responsáveis por este tempero".
O BESI rejeita qualquer responsabilidade por inexactidões ou erros em avaliações por si feitas à Tranquilidade e à Escom, sociedades do Grupo Espírito Santo. Estas análises foram criticadas na comissão parlamentar de inquérito ao BES e ao GES, conforme o Negócios sintetizou no sábado passado.
O banco de investimento, que pertencia ao Novo Banco mas que foi entretanto vendido à Haitong, esclarece, em comunicado, que realizou avaliações à companhia de seguros e à empresa com operações essencialmente em África com base em "dados quantitativos fornecidos pelos conselhos de administração das respectivas empresas".
"Esta realidade encontra-se claramente explicitada logo na primeira página dos relatórios, onde se relembra que 'o BESI não é responsável pela exactidão, veracidade e abrangência da informação fornecida, não podendo por isso ser responsabilizado por qualquer afirmação ou omissão daquela decorrente’", indica o comunicado enviado ao Negócios esta segunda-feira, 19 de Janeiro.
"Só por manifesta má-fé é que agora se pode intentar responsabilizar ao BESI pelas opiniões expressas nesses relatórios", avança ainda o banco presidido por José Maria Ricciardi que diz, também, que as avaliações foram feitas numa conjuntura económica "diametralmente oposta à actual".
A avaliação da Tranquilidade - que apontava para um valor justo de 819 milhões de euros com a previsão de um valor de alienação, em 2016, de 700 milhões de euros – foi questionada dado que a mesma foi feita em Fevereiro de 2014 (tendo como base o exercício de 2012) e, no final de 2014, houve um acordo para que fosse vendida à Apollo por cerca de 200 milhões de euros.
Já a avaliação da Escom, realizada com 2009 como ponto de partida, era "difícil de sustentar", segundo um dos seus administradores. A Escom tinha activos na ordem dos 900 milhões e passivo na ordem dos 300 milhões, sendo que o acordo de venda à Sonangol – que nunca se concretizou – visava o pagamento de 483 milhões de dólares (417 milhões de euros). "Era esticar a corda", comentou o líder Luís Horta e Costa. "A avaliação do BESI para a Escom era um bocadinho salgada".
"Se alguns dos antigos administradores destas empresas hoje se referem às avaliações realizadas pelo BESI como ‘salgadas’, serão eles os cozinheiros responsáveis por este tempero", reage ainda a entidade presidida por Ricciardi.