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BCP contribuiu para que Sabadell não cumprisse todo o plano estratégico
A imparidade pela queda das acções do BCP foi um dos eventos extraordinários que impediram que o Banco Sabadell chegasse aos 1.000 milhões de euros em lucros, como esperado no plano estratégico de 2014.
O Banco Comercial Português é apontado como uma das razões para que o Banco Sabadell não tenha cumprido um dos objectivos que tinha no plano estratégico 2014-2016: o dos lucros. Não tendo já uma participação no seu capital, o banco português abandona o plano estratégico para os próximos anos.
O Sabadell considera ter alcançado a maioria das metas financeiras do seu plano, como as comissões pagas (a intenção era alcançar mil milhões de euros, o que foi conseguido) e o rácio de capital (a previsão de 12% de Common Equity Tier 1 foi atingida).
Na margem financeira, a meta era alcançar os 3 mil milhões, o Sabadell chegou aos 3,8 mil milhões mas, excluindo a compra do britânico TSB, o valor só ficou em 2,8 mil milhões. Ficou por cumprir totalmente.
No caso dos lucros, que chegaram aos 710,4 milhões em 2016, houve factores a impedir o objectivo proposto de mil milhões de euros. Efeitos extraordinários: o BCP aparece como um deles, ao lado de uma circular do Banco de Espanha relativa a provisões e também aos efeitos da decisão do Tribunal Europeu de Justiça que obrigam à devolução de juros cobrados em excesso em créditos à habitação.
No documento divulgado esta terça-feira, não são dadas explicações sobre este evento. Nos resultados apresentados no final de Janeiro, o Banco Sabadell sublinhou que a alienação da posição de 4,08% no BCP não tinha um impacto "relevante". A venda de mais de 44 milhões de acções do banco liderado por Nuno Amado a 1,15 euros rendeu uma menos-valia de 8,3 milhões de euros brutos. O Sabadell não manteve a posição no aumento de capital que o BCP está a realizar nem aumentou a sua posição: a opção foi mesmo ficar com uma posição residual.
O efeito extraordinário em causa foi a imparidade de 92,3 milhões de euros constituída este ano, antes da venda, para reflectir a deterioração da cotação das acções do BCP.
Com a venda da posição, e ao contrário do que ocorria em 2014, o BCP já não aparece para provar a força internacional do Sabadell no plano estratégico para iniciar em 2017, "um ano de transição", de acordo com o documento.
A conclusão da integração do TSB, a protecção das margens e a contenção de custos em Espanha e Reino Unido são aspectos prioritários para o presente ano, a que se junta ainda a redução de activos não performantes, como crédito malparado e imobiliário.
Após a apresentação do plano, as acções do Sabadell estão a subir 1,34% para 1,441 euros.
(Notícia corrigida às 21:40: por lapso, estava indicado Banco de Portugal no quarto parágrafo quando se referia ao Banco de Espanha)