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BCE: “Investidores mostram interesse renovado nos países sob pressão”
Os investidores voltaram a olhar com interesse a Zona Euro e em particular os países sob tensão, como é o caso de Portugal. Mas a melhoria resultante na situação dos bancos ainda não se reflectiu num aumento de empréstimos às empresas.
“Os investidores não residentes mostraram um interesse renovado na área do euro, particularmente nos países sob pressão, investindo fundos, nomeadamente, através da compra de títulos de participação e títulos de dívida”, refere o Banco Central Europeu (BCE), no boletim mensal de Março, divulgado nesta quinta-feira, 14 de Março.
Os depósitos regressaram aos países sob pressão, “em parte porque os investidores não residentes reinvestiram fundos nesses países, e porque os investidores domésticos canalizaram os seus fundos de volta para depósitos bancários nacionais”.
Mas a melhoria na situação de financiamento dos bancos, resultante deste reequilíbrio de fundos e comprovada pela redução do excesso de liquidez do banco central e pelos inquérito aos bancos sobre o mercado de crédito em Janeiro, não conduziu a um aumento do dinamismo da cedência de empréstimos ao sector privado não financeiro, constata o BCE.
A taxa de crescimento homóloga do crédito ao sector privado situou-se em -1,1% em Janeiro, o que compara com -1,4% no quarto trimestre e -1 % no terceiro trimestre, refere a autoridade monetária do euro.
No caso português, os dados nesta semana divulgados pelo Banco de Portugal indicam que o valor total dos empréstimos concedidos pela banca, em Janeiro, aumentou. Mas esta é uma realidade que se justifica apenas com o financiamento das grandes empresas já que os restantes destinos de crédito caíram.
No total, a banca emprestou 5,2 mil milhões de euros, em Janeiro, o que corresponde ao montante mais elevado desde Julho de 2012, de acordo com os dados preliminares divulgados em 12 de Março. Este valor corresponde a um aumento de 10,5%, ou 495 milhões, face a Dezembro, e de 15,06% quando comparado com igual período do ano passado.
Foram as empresas que absorveram a maior fatia destes novos créditos (4,7 mil milhões de euros), tendo observado mesmo um aumento mensal de 15% e homólogo de 19%. Mas este comportamento é justificado apenas pela evolução dos novos empréstimos acima de um milhão de euros, cujo aumento mensal foi de 35,8%, ou 841 milhões de euros, e o homólogo foi de 42,8%.