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Banque Privée aumenta buraco nas insolvências do GES

Chegaram ao Luxemburgo reclamações de crédito avaliadas em 2 mil milhões de euros, devido a títulos de dívida emitidos pela ESI e pela Rioforte. É pela mão do Privée, também do GES, que a perspectiva de recuperação dos credores pode emagrecer ainda mais.

José Manuel Espírito Santo, primo de Ricardo Salgado, foi administrador da Espírito Santo International e esteve na presidência do Banque Privée Espírito Santo. Bruno Simão/Negócios
12 de Novembro de 2017 às 22:00
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O buraco da Espírito Santo International e da Rioforte aumentou, podendo reduzir as perspectivas de recuperação dos restantes credores. O suíço Banque Privée Espírito Santo, que pertencia ao universo Grupo Espírito Santo (GES), entregou reclamações de crédito cujo montante ascende a praticamente 2 mil milhões de euros, ao câmbio de 10 de Novembro.

São reclamações relativas a obrigações e outros títulos de dívida emitidos pela ESI e Rioforte aquelas que os liquidatários da instituição suíça entregaram nas insolvências das duas empresas de topo do GES, segundo informações constantes no site das falências que estão a decorrer no Luxemburgo.

Perto de 61% dos instrumentos financeiros alvo desta reclamação conjunta do Privée foram emitidos pela ESI e 39% pela Rioforte. Na sua grande maioria, estão em causa títulos denominados em euros e em dólares, havendo ainda assim produtos em francos suíços e em libras.

Estes montantes juntam-se às reclamações já existentes e que mostram o buraco daquelas duas "holdings" do GES. No final de Agosto, o último dos relatórios da insolvência realizado pelos curadores Alain Rukavina e Paul Laplume revelava que eram reclamados 4,9 mil milhões à ESI e 3,9 mil milhões à Rioforte.

De qualquer forma, não é exacto que os 2 mil milhões de euros se somem aos 8,8 mil milhões já requeridos pelos credores, já que poderá haver queixas repetidas. Aliás, os credores que já apresentaram reclamações relativas a estas obrigações terão de retirá-las.

Mas é certo que o montante poderá subir por outra via: o Banque Privée, que tinha José Manuel Espírito Santo, primo de Ricardo Salgado, como líder, não se responsabiliza pela reclamação de eventuais créditos devidos a investimentos fiduciários feitos pelo banco suíço junto da ESI e Rioforte "em seu nome, mas por conta dos clientes". Nestes casos, são os próprios investidores que têm de fazer as reclamações individualmente.

No último relatório, os curadores de insolvência da ESI e Rioforte referiam que poderiam rejeitar todas estas reclamações do Privée. Neste momento, apenas os créditos privilegiados foram já reconhecidos no Luxemburgo.

De qualquer forma, estes valores atestam a reduzida taxa de recuperação prevista para os credores das duas "holdings" do GES. No caso da Rioforte, os activos depositados em Agosto apenas permitiam saldar responsabilidades de 138 milhões, ou seja, 4% das reclamações que ascendem a 3,9 mil milhões de euros. E os pedidos do Privée podem aumentar este último número, diminuindo ainda mais a percentagem de recuperação.

A Pharol é a sociedade que, publicamente, assume quanto espera receber: 9,56% do valor nominal do investimento. Partindo dos 897 milhões de euros colocados em títulos de dívida da Rioforte, a credora antecipa receber menos de 100 milhões.

É também junto desta massa insolvente que os titulares de papel comercial emitido pelas sociedades e vendido aos balcões do BES reclamam. Aliás, para aqueles que participam na solução promovida pelo Governo, é o fundo de recuperação de crédito que está a ser constituído em Portugal que vai ficar com os requerimentos. Depois, espera pagar o empréstimo bancário, que será pedido com garantia estatal para ressarcir os investidores, com o que recuperar destes créditos e de outras reclamações. 

Privée financiou sociedades do GES

O suíço Banque Privée Espírito Santo pertencia ao Grupo Espírito Santo. Era detido pela ESFG que, por sua vez, antes do fim do BES passou a participada da Rioforte, que estava nas mãos da ESI, propriedade da Espírito Santo Control, onde os membros da família Espírito Santo tinham participação. O Privée, que pertencia ao GES mas não ao BES, fazia operações fiduciárias por conta dos clientes que, segundo disse Ricardo Salgado na comissão de inquérito, serviam para financiar a Espírito Santo Control. Além disso, o banco vendia aos seus clientes títulos de dívida emitidos pela ESI, que, na primeira metade de 2014, deixaram de ser reembolsados. As sociedades do GES começaram a pedir protecção de credores, e depois, insolvência, o que afectou o Privée. O regulador do mercado helvético decretou a insolvência do Privée em Setembro. Em Portugal, a sua sucursal seguiu o mesmo caminho. 

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