Notícia
Banco de Portugal denuncia falhas de controlo do Montepio ao Ministério Público
Em causa estão falhas no controlo de operações que indiciam suspeitas de crimes de branqueamento de capitais, devido a transferências com origem em Angola, de acordo com o jornal "Público".
O Banco de Portugal fez no final de Abril uma denúncia ao Ministério Público contra a Caixa Económica Montepio Geral (CEMG), por não ter cumprido os procedimentos legais de transacções suspeitas de indiciarem crimes de branqueamento de capitais, de acordo com a edição desta sexta-feira do jornal "Público".
Em causa estão movimentos com origem no Finibanco Angola, detido pela CEMG, entidades que partilham o mesmo presidente, António Tomás Correia.
De acordo com o jornal, a comunicação do Departamento de Averiguação e Acção Sancionatória (DAS) do BdP – que tem como competência garantir que os regulados cumprem "as regras" de "prevenção da utilização do sistema financeiro para branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo", informando as autoridades sobre indícios de crime – chegou no final de Abril à Procuradoria-Geral da República e à Polícia Judiciária.
A iniciativa, explica o mesmo jornal, surgiu na sequência de uma inspecção que detectou falhas nos mecanismos internos de controlo dos movimentos financeiros entre a CEMG e o Finibanco Angola.
Contactada pelo jornal, a Procuradoria-Geral da República não respondeu e o BdP recusou comentar acções relacionadas com os supervisionados.
Da lista de grandes clientes inspeccionada pelo DAS consta José Guilherme, o construtor que foi notícia por ter pago uma "liberalidade" de 14 milhões a Ricardo Salgado. Há um ano, José Guilherme recebeu um financiamento da CEMG de 17 milhões de euros.
Em Maio, António Tomás Correia reconheceu que a auditoria do Banco de Portugal detectou "problemas" mas acrescentou que ""mais de 90% foram objecto de melhorias depois de 2012".
A operação que suscita dúvidas de violar as regras de combate ao branqueamento de capitais pode ser paralela à auditoria a que foi sujeito a CEMG. Ou seja, esta operação pode ter sido detectada no quadro da supervisão de rotina do supervisor.
O Banco de Portugal acompanha rotineiramente as operações realizadas pelos bancos. As irregularidades podem ir desde simples erros de carácter comportamental – como são depois reportados no relatório de supervisão comportamental em grandes números – até violações de regras de comunicação que possam configurar crime.
É neste último caso que o Banco de Portugal comunica a operação ao Ministério Público para investigação e eventual acusação. Paralelamente decorre no supervisor um processo sancionatório, como nos outros casos de erros comportamentais mais simples.