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Banca sobe margem financeira apesar de juros historicamente baixos

A banca conseguiu aumentar a margem financeira em mais de 3% no primeiro semestre, mesmo com o cenário de baixas taxas de juro.

17 de Outubro de 2019 às 13:00
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Os bancos nacionais conseguiram aumentar a margem financeira na primeira metade deste ano, apesar dos vários avisos que têm deixado quanto ao impacto negativo que o prolongamento das baixas taxas de juro terá sobre a sua atividade. Ao mesmo tempo, melhoraram o rácio de rendibilidade, aumentaram o produto bancário e reduziram o crédito malparado em quase mil milhões de euros no espaço de três meses. Já os lucros caíram, num período em que o Novo Banco registou prejuízos de 400 milhões de euros.

Os números constam da Síntese de Indicadores do Setor Bancário relativa ao segundo trimestre de 2019, divulgada esta quinta-feira, 17 de outubro, pela Associação Portuguesa de Bancos (APB), com base em dados do Banco de Portugal (BdP).

De acordo com o relatório, a banca conseguiu aumentar a margem financeira para 3.199 milhões de euros no primeiro semestre, uma subida homóloga de 3,4%. Já o rácio "return on equity" (ROE), que mede a rendibilidade dos capitais próprios, subiu para 8,4%, contra os 7,7% registados no primeiro semestre do ano passado.

Esta evolução acontece apesar das taxas de juro em níveis historicamente baixos. Este ano têm sido vários os presidentes executivos dos maiores bancos a alertar para o impacto negativo de um prolongamento deste cenário, depois de o Banco Central Europeu (BCE) ter decidido manter os juros inalterados até ao final do primeiro semestre de 2020, para além de abrir a porta a mais uma redução.

Pedro Castro Almeida, do Santander Totta, antecipou que "vamos ver uma banca europeia com muito menos rentabilidade", enquanto Pablo Forero, do BPI, prevê que será "muito difícil que os bancos continuem a aumentar a margem financeira com taxas negativas durante mais tempo".

Mesmo assim, a tendência tem sido de melhoria em quase todos os indicadores. O produto bancário aumentou em 3,2% para os 4.901 milhões no segundo semestre, enquanto os empréstimos a clientes subiram 3,7% para os 237.472 milhões e os depósitos outros 3,2% para 269.180 milhões. Já o rácio core tier 1, que mede a solvabilidade dos bancos, subiu ligeiramente, de 13,8% para 13,9%.

Em sentido contrário, os lucros reduziram-se em 3,2% para 970 milhões de euros. A contribuir para esta quebra terá estado o Novo Banco, que quase duplicou os prejuízos registados no segundo semestre, para 400 milhões de euros.

Menos mil milhões de malparado

Também no peso do crédito malparado houve melhorias. A banca conseguiu baixar o crédito malparado, em termos brutos, para 23.447 milhões de euros no final do segundo trimestre de 2019, uma redução de 982 milhões de euros face aos 24.429 milhões que estavam registados no final do primeiro trimestre.

Este movimento acontece numa altura em que os bancos têm feito esforços para reduzir significativamente o peso dos ativos tóxicos sobre o balanço. Em agosto, os maiores bancos tinham 4 mil milhões de euros em crédito malparado à venda. Uma das maiores operações de sempre em Portugal avançou no mês passado, depois de o Novo Banco ter escolhido a Davidson Kempner para comprar uma carteira de malparado avaliada em 3 mil milhões de euros.

É no segmento de empresas, aquele que concentra o maior peso de ativos não produtivos, que a banca tem feito o maior esforço para reduzir o malparado. Entre o primeiro e o segundo trimestre deste ano, o volume de malparado associado a sociedades não financeiras reduziu-se em 653 milhões de euros, para 15.514 milhões de euros, o equivalente a 66% do volume total de malparado. Já em termos percentuais, a maior redução verificou-se no segmento de crédito à habitação, onde o volume de malparado caiu 6,5% para 3.565 milhões. O crédito ao consumo foi a única área onde o malparado aumentou, em 2%, para 2.751 milhões.

Feitas as contas, o rácio de crédito malparado passou para 8,3% no final de junho, abaixo dos 8,9% que eram registados no primeiro trimestre.
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