António Domingues vai voltar ao Parlamento. No meio da polémica em torno dos salários pagos, o presidente do banco público tem um encontro marcado com Eduardo Ferro Rodrigues.

"O presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, recebe, em audiência, o presidente do conselho de administração da Caixa Geral de Depósitos, António Domingues", assinala a agenda parlamentar para esta semana.

O encontro, que se realiza a pedido do líder da instituição financeira, está marcado para dia 26 de Outubro pelas 11:00 em São Bento.

Nem o banco público nem a Assembleia da República indicam qual o motivo para o encontro, embora seja habitual a realização de audiências de "boas-vindas" com órgãos de soberania. Domingues chegou ao cargo no final de Agosto. Não foi possível saber quando é que foi marcado o encontro.

O encontro entre o número dois da hierarquia do Estado e o presidente do maior banco português vai ocorrer na próxima quarta-feira, pouco mais de uma semana depois de iniciada a polémica com o seu salário, superior a 30 mil euros por mês, mais do dobro do que auferia o seu antecessor, José de Matos. A remuneração, a que podem ainda acrescer prémios, foi permitida devido à retirada da CGD do estatuto do gestor público, diploma que contou com a aprovação do Presidente da República.

Encontro com inquérito parlamentar suspenso

O presidente da Assembleia da República recebe o ex-vice-presidente do BPI num momento em que a comissão parlamentar de inquérito à Caixa Geral de Depósitos está suspensa até ao final de Novembro para os trabalhos de discussão do Orçamento do Estado. Domingues foi uma das quatro personalidades ouvidas no inquérito parlamentar iniciado em Julho passado e que se tem debatido com vários problemas.

Neste momento, há um processo judicial a decorrer no Ministério Público que investiga o banco público, o que motivou um encontro entre o presidente da comissão de inquérito, o deputado social-democrata José Matos Correia, e a procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, cujas conclusões não foram tornadas públicas.

Além disso, a CGD tem estado a ser criticada pelos deputados da comissão por se recusar a entregar alguns dos documentos solicitados, como a lista dos seus maiores credores. O inquérito parlamentar anunciou que iria recorrer ao Tribunal da Relação de Lisboa para pedir o levantamento do dever de segredo invocado pela Caixa.