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Administrador do Caixa Angola descarta conversão de depósitos em dólares para kwanza

O presidente do conselho executivo do banco Caixa Angola afirmou, em entrevista à Lusa, que o banco central angolano deu "garantias" de que não está prevista a conversão das contas domiciliadas no país em moeda estrangeira para o kwanza nacional.

Bloomberg
14 de Dezembro de 2015 às 09:03
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Fernando Marques Pereira recordou que a economia angolana está numa fase de "ajustamento", face à quebra da cotação do preço do barril de petróleo no mercado internacional, que além de uma crise financeira e económica provocou ainda uma crise cambial, pela diminuição de entrada de divisas, necessárias para garantir importações.

 

"Podemos dar essa garantia que, em relação aos depósitos em moeda estrangeira e aos investimentos, nada irá ocorrer", afirmou, numa altura em que os clientes dos bancos praticamente não conseguem levantar dólares aos balcões, sendo o mercado informal a única alternativa, mas pagando já pelo menos o dobro da taxa oficial de câmbio, que ronda os 135,9 kwanzas por cada dólar.

 

Questionado directamente pela Lusa sobre os alertas que têm sido lançados, inclusive por responsáveis políticos e outros agentes, o administrador do banco angolano detido maioritariamente pela Caixa Geral de Depósitos portuguesa negou que, devido à crise cambial e financeira, esteja em cima da mesa uma conversão, forçada, dos depósitos em moeda estrangeira domiciliados no país.

 

"Não esperamos, e as autoridades sempre nos transmitiram isso, que haja qualquer conversão [contas com depósitos em dólares ou euros para kwanza]. Mas vamos continuar a ter uma economia dependente do preço do petróleo, com menos receitas e como temos menos receitas em dólares teremos menos dólares para fazer acorrer às despesas internacionais", afirmou Fernando Marques Pereira.

 

O administrador confirmou "contactos" dos bancos comerciais com o Banco Nacional de Angola (BNA) para clarificar o assunto, e respectivas "garantias", face às dúvidas que há várias semanas são colocadas pelos depositantes no país em moeda estrangeira.

 

"Esse risco não existe aqui em Angola. É o segundo país na África subsariana com as maiores Reservas Internacionais Líquidas [RIL], isso permite uma grande estabilidade por parte do kwanza e por parte da garantia dos depósitos em moeda estrangeira", enfatizou o administrador-executivo do Caixa Angola, que passou a ser detido a 51% pelo banco público português, depois da saída da estrutura accionista do grupo espanhol Santander, em Julho.

 

O Caixa Angola foi o oitavo banco que mais divisas comprou ao BNA em Outubro, mais de 53,4 milhões de dólares (48,7 milhões de euros), praticamente o dobro face ao mesmo mês de 2014.

 

As RIL (moeda estrangeira) angolanas renovaram em Outubro valores mínimos de vários meses, fixando-se em 23.412 milhões de dólares (21,3 mil milhões de euros), e já caíram 13% desde o início do ano, sendo ainda suficientes para garantir cerca de seis meses de necessidades de importação.

 

De acordo com o administrador do Caixa Angola, também a lista de pendentes para pagamento ao exterior (transferências e pagamentos de importações, entre outros) é hoje "muito mais favorável", depois de já ter sido "muito longa" no início do ano, com a priorização pelo BNA da atribuição de divisas por sector.

 

Fernando Marques Pereira admitiu que face à dificuldade de acesso às notas físicas de dólares, o euro também pode ser uma alternativa, mas que a "melhor solução" passará pela mudança progressiva para meios de pagamento electrónico.

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