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Administrador do Banco de Portugal tem investimentos em bancos

António Varela, nomeado para a administração do Banco de Portugal em Setembro do ano passado, possui uma vasta carteira de investimentos ligados a bancos, nomeadamente acções e obrigações. Regulador criou grupo de trabalho para propor soluções, escreve o Público.

Bruno Simão/Negócios
21 de Abril de 2015 às 09:12
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Um dos administradores do regulador da banca em Portugal possui uma extensa lista de investimentos ligados, precisamente, ao sector da banca. O código de conduta do Banco de Portugal não proíbe expressamente a detenção de investimentos ligados a bancos, mas sublinha que a administração não deve "participar em quaisquer operações económicas ou financeiras que possam prejudicar a sua independência ou imparcialidade". António Varela constitui a carteira de investimentos ainda antes de entrar no regulador, escreve hoje o Público.

 

De acordo com o diário, a declaração de rendimentos de António Varela mostra que o administrador detém 1.357 acções do Santander, "metade" de mais de 506 mil acções do BCP, 37.824 acções do banco suíço UBS, 1.253 acções do Santander Central Hispano, 110 títulos do Deutsche Bank e 25 acções preferenciais do Banif (com valor nominal de mil euros cada). Além disso, Varela detém ainda participações na Mota Engil e na Portugal Telecom.

 

O administrador detém ainda um investimento em 100 mil euros de dívida (obrigações) do Santander US, dois investimentos em obrigações do BCP (50 mil euros cada), outros 50 mil euros em dívida do BBVA e 50 obrigações do Banif, com custo unitário de mil euros cada. Acrescem ainda obrigações de empresas como a EDP ou Telefónica e dívida grega. Varela declarou ainda que participa em diversos fundos de investimento, alguns dos quais ligados à evolução de títulos ligados à banca, divisas ou dívidas soberanas.

 

O administrador declarou, adicionalmente, duas contas bancárias: uma com 422 mil euros, no BCP, e uma outra no UBS, com 171 mil euros. A declaração de rendimentos do administrador inclui ainda duas apólices da Açoreana, com valor próximo dos 100 mil euros, e outros depósitos a prazo e à ordem.

 

Banco de Portugal cria grupo de trabalho para propor soluções

 

Contactado pelo Público, o Banco de Portugal explica que a carteira de investimentos é, neste momento, igual à que Varela tinha quando entrou no regulador, em Setembro do ano passado, junto com o ex-secretário de Estado Hélder Rosalino, ambos nomeados por Maria Luís Albuquerque. A propósito de uma eventual incompatibilidade, o BdP disse ter criado um grupo de trabalho para "estudar e propor soluções que neutralizem potenciais conflitos de interesse emergentes da detenção (…) de carteiras constituídas antes da assunção de funções".

 

Até serem adoptadas essas soluções, o Banco de Portugal pediu a todos os detentores de investimentos ligados à banca que adoptem uma "postura de gestão passiva" da carteira de investimentos.

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