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Accionistas do BPI aprovam saída de bolsa
A assembleia-geral confirmou a proposta do CaixaBank, que foi viabilizada por 99,26% dos votos dos accionistas presentes esta manhã na Fundação de Serralves. O número de administradores encolhe de 20 para 18 elementos.
Os accionistas do BPI aprovaram esta sexta-feira, 29 de Junho, a saída de bolsa do banco. Há mais de um ano que a instituição tinha apenas cerca de 7% do capital disperso, mas com a deliberação concretizada esta manhã, a retirada definitiva vai acontecer nas próximas semanas.
A proposta para "a perda da qualidade de sociedade aberta do Banco BPI", feita pelo accionista CaixaBank, foi aprovada por 99,26% dos votos expressos numa assembleia-geral realizada na Fundação de Serralves, no Porto. Na reunião, que durou menos de meia hora, estiveram presentes ou representados 26 accionistas, detentores de acções correspondentes a 95,08% do capital social.
Com a confirmação desta decisão – a conclusão da oferta pública de aquisição (OPA) do CaixaBank já tinha ditado a exclusão do BPI do PSI-20 em Fevereiro de 2017 –, o BCP passará a ser oficialmente o único banco da praça portuguesa, que nos últimos anos viu várias empresas cotadas abandonarem o mercado de capitais, como a Cimpor, a Sumol+Compal, a SDC ou a Luz Saúde.
O BPI é controlado pelo grupo espanhol CaixaBank desde o início de 2017, detendo já mais de 94% do banco: adquiriu a posição da Allianz por 177,98 milhões de euros e tem vindo a reforçar a sua posição em compras em mercado. Tendo em conta "o baixo ‘free float’ do BPI e o domínio de facto do CaixaBank, a perda de qualidade aberta da sociedade é a decisão mais natural e acertada do ponto de vista da gestão", resumiu ao Negócios o presidente da Associação de Investidores e Analistas Técnicos do Mercado de Capitais (ATM), Octávio Viana.
Operação avaliada em quase 150 milhões
A proposta do grupo de origem catalã, que recentemente mudou a sede para Valência, previa a aquisição das acções dos accionistas que não votem favoravelmente a deliberação. Além dessa possibilidade, normalmente concretizada através de uma ordem permanente de compra das acções, e na eventualidade de nem todos os investidores terem demonstrado intenção de venda no período da ordem, o grupo detido pelo La Caixa vai avançar para a compra obrigatória. Isto é, todos os accionistas minoritários serão obrigados a vender.
A "aquisição potestativa" das acções será sempre feita a 1,45 euros, o preço a que comprou em Maio deste ano os mais de 8,425% que estavam nas mãos da seguradora Allianz. Tendo em conta as aquisições que tem vindo a fazer, e as que tem de concretizar para ficar com 100% do BPI, o CaixaBank gastará cerca de 149 milhões de euros para finalizar esta operação no banco que tem agora Pablo Forero (à direita na foto) na liderança executiva.
Sou obrigado a vender. O La Caixa nesta operação vai retirar o banco de bolsa e depois poderá exercer a aquisição potestativa. Artur Santos Silva, fundador e presidente honorário do BPI
Uma parte dos títulos minoritários está ainda na posse da administração do banco, que no primeiro trimestre passou de prejuízos a lucros de 210 milhões de euros. O antigo presidente executivo, Fernando Ulrich, que passou a ser "chairman" no ano passado, detinha no final de 2017 pouco mais de dois milhões de acções do BPI, não tendo vendido estes títulos na OPA. Também Artur Santos Silva, fundador e agora presidente honorário, confirmou ao Negócios que tem 100 mil acções, que será "obrigado a vender". "O La Caixa nesta operação vai retirar o banco de bolsa e depois poderá exercer a aquisição potestativa", resumiu.
Menos administradores e nova política de dividendos
Na assembleia-geral desta manhã foi também aprovada por 99,99% dos votos expressos, a proposta do CaixaBank para a redução, de 20 para 18, do número de membros que compõem o conselho de administração. O órgão liderado por Ulrich tinha perdido dois elementos – Carla Bambulo e Vicente Tardio – no mês passado, após a Allianz sair do capital da instituição sediada no Porto, que não serão substituídos.
Esta diminuição do número de administrações segue as orientações do Banco Central Europeu, que tem vindo a recomendar aos bancos o corte dos órgãos de administração, ao mesmo tempo que tem exigido uma maior presença de administradores independentes, que não estejam ligados aos accionistas. Ainda assim, as contas feitas pelo Negócios mostram que o BPI continuará a ter o maior número de administradores entre os grandes bancos nacionais.
Finalmente, os accionistas viabilizaram com 99,97% dos votos a proposta deste mesmo conselho de administração para adoptar uma nova política de dividendos, assim definida: "A distribuição de um dividendo anual do exercício, mediante proposta a submeter pelo Conselho de Administração à assembleia geral, tendencialmente situado entre 30% e 50% do lucro líquido apurado nas contas individuais do exercício a que se reporta, devendo o montante concreto a propor ser definido à luz de um juízo prudente que tenha em conta, face à situação concreta em que o banco se encontre, a satisfação permanente dos níveis adequados de liquidez e solvabilidade".
(Notícia actualizada pela última vez às 11:05 com dados sobre as restantes votações e informação de contexto)