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Montepio: 630 mil associados têm novo presidente esta quarta-feira

Foi uma campanha atribulada, como habitualmente, aquela que vai decidir a presidência da maior associação mutualista do país. As eleições são esta quarta-feira, 2 de Dezembro. O que defendem os candidatos?

Bruno Simão/Negócios
01 de Dezembro de 2015 às 17:02
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Em 2012, foram 85 mil votantes a escolher a liderança da maior associação mutualista do país. Foi a eleição no Montepio mais participada de sempre, depois de, três anos antes, terem sido 35 mil os associados que se dirigiram às urnas. Em 2015, mais precisamente esta quarta-feira, 2 de Dezembro, há um novo sufrágio para a escolha da presidência da Associação Mutualista Montepio Geral. O novo presidente terá a responsabilidade sobre 630 mil associados.

 

Há quatro concorrentes à presidência do grupo mutualista para o triénio 2016-2018, sendo que um deles é o agora líder. Há uma outra lista, que concorre apenas ao conselho geral. Três dos concorrentes opõem-se à actual política da associação. A outra, da actual presidência, pretende manter a mesma linha.

 

E a que irá, afinal, presidir o vencedor das eleições, que será escolhido entre António Tomás Correia (lista A), Eugénio Rosa (lista C), António Godinho (lista D) e Luís Alberto Silva (A lista B, de Manuel Ferreira, só se candidata ao conselho geral)?

 

A maior associação mutualista do país tem presença em várias áreas. Detém a totalidade da Caixa Económica Montepio Geral, onde poderá vir a vender parte do capital mas nunca perdendo o controlo. Também é a dona da seguradora Lusitânia. O Montepio Gestão de Activos é outra das marcas da área financeira mas também há outros ramos onde está presente, com a Fundação Montepio e as Residências com o mesmo nome. 

Sem contas consolidadas

Um dos factores que foi mencionado na campanha por uma das listas, a de Eugénio Rosa, diz respeito ao facto de ainda não terem sido apresentadas as contas consolidadas de 2014 do grupo (que junta os números da associação aos das suas empresas). A eleição ocorre antes de se conhecer a real situação financeira do grupo no final do ano passado.

 

Pela frente, o novo presidente terá, à partida, de respeitar uma nova supervisão. Actualmente sob o olhar do Ministério da Solidariedade Social, a Associação Mutualista terá de responder perante um novo Código das Associações Mutualistas – um diploma prometido pelo anterior Executivo que nunca chegou a ser aprovado, em que serão dados poderes à Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF). 

 

Campanha atribulada

 

Como costuma acontecer, a campanha para a Associação Mutualista Montepio Geral tem sido rica em percalços. A lista E, de Luís Alberto Silva, presidente da União das Mutualidades Portuguesas, apresentou um protesto formal à comissão eleitoral, contestando a igualdade de tratamento das candidaturas. Foi dado conhecimento ao Presidente da República, ao Governo e aos reguladores Banco de Portugal e CMVM.

 

Antes disso, já a lista D, de António Godinho, tinha apresentado um procedimento cautelar para suspender o processo eleitoral, questionando a igualdade de tratamento das candidaturas.

 

Eugénio Rosa, da lista C, também se queixou, no blogue oficial, que o decurso da campanha estava a favorecer o candidato presidente, António Tomás Correia.

 

Apesar das tentativas, o Negócios não conseguiu obter esclarecimentos por parte da instituição nem da comissão eleitoral do Montepio sobre o alegado tratamento diferenciado.

O que propõem as listas

Lista A

É a lista de António Tomás Correia, que se candidata pela terceira vez à presidência da Mutualista Montepio Geral. Quer afinar as "sinergias entre as empresas" do grupo.

A lista A deixa o trabalho feito nos últimos anos - incluindo a transformação da Caixa Económica numa instituição de relevo no sector financeiro nacional - como o ponto de honra para uma reeleição. 

 

O ainda presidente pretende acelerar um projecto, "em curso desde Janeiro de 2015, de separação das marcas mutualista e financeira, garantindo ao Montepio Geral - Associação Mutualista dinâmicas próprias de identidade, comunicação, revelação e afirmação". Não são avançados mais pormenores sobre esta opção.

 

Lista B

Só apresenta candidatura ao conselho geral (em que os membros são eleitos com o recurso ao método de Hondt, como a Assembleia da República). Manuel Rogério Ferreira é o principal candidato de uma lista que centra forças na relação entre a Mutualista e a sua Caixa Económica. Uma das ideias propostas é o conselho geral e supervisão da Caixa se demitir após as eleições para a Mutualista.

 

"Queremos que o Montepio e a sua Caixa Económica se distingam da restante banca", diz a lista, que defende que a sua gestão "deverá abster-se de participar em negócios e investimentos adversos aos princípios mutualistas".


A lista B tenciona que os associados tenham condições vantajosas para o arrendamento de propriedades do Montepio.
 

Lista C

Eugénio Rosa, que já pertence ao conselho geral do Montepio, quer candidatar-se à presidência, propondo o corte dos salários dos administradores da Mutualista. Quer cortar com o legado deixado por António Tomás Correia.

 

Um dos aspectos defendidos por Eugénio Rosa é o de trabalhar para que os investidores que compararam unidades de participação do fundo da Caixa Económica, em 2013, sejam reembolsados do investimento sem perdas. Além disso, promete esforçar-se para reestruturar as empresas do grupo.

Quer que esta lista C faça regressar a Caixa Económica "ao seu ‘ADN original’ (crédito à habitação, às pessoas, nomeadamente associados, às instituições da área social, e PME)".

 

Lista D

António Godinho, que é co-autor do livro "Renovar o Montepio", quer garantir a autonomia da Mutualista face à Caixa e está disponível para associar-se a parceiros, trabalhadores e instituições de economia social para capitalizar a Caixa Económica.

A lista D pretende limitar a concentração de riscos no grupo, querendo que haja uma participação de todos os associados na vida da associação. 

 

No fundo, a equipa de Godinho, que conta com João Proença na administração mas também Bagão Félix no conselho fiscal, quer corrigir a "rota" que tem sido seguida onde, segundo escreve, "o projecto colectivo cedeu ao projecto pessoal". 

 

Lista E

Luís Alberto Silva é o presidente da União das Mutualidades Portuguesas e quer presidir ao Montepio. Promete reduzir as remunerações das administrações. Também pretende tratar da reestruturação das empresas do grupo, querendo integrar as suas áreas comerciais, desde as participadas da Caixa Económica aos seguros.

"Defendemos que a Caixa Económica deve concentrar a sua actividade nas entidades da economia social e solidária assim como nos clientes privados e nas pequenas e médias empresas, não entrando nos chamados ‘grandes negócios’", diz em relação à Caixa. 


A lista E quer também expandir-se pelo globo, nomeadamente pelos mercados da lusofonia.

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