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Deutsche Bank paga 106 milhões de euros à justiça americana em processo de corrupção

Corrompeu intermediários para conseguir negócios na Arábia Saudita entre 2009 e 2016. Os advogados do banco, que tem uma relação antiga com Donald Trump, renunciaram ao seu direito de enfrentar as acusações de conspiração.

O Deutsche Bank destaca-se tambem na lista dos mais reclamados no segmento do crédito à habitação e hipotecário. A instituição recebeu 0,99 queixas por cada 1.000 contratos de crédito à habitação.
09 de Janeiro de 2021 às 09:37
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O Deutsche Bank vai pagar multas e penalizações várias num total de 130 milhões de dólares (106 milhões de euros), para encerrar um processo-crime em Nova Iorque, sobre recurso a corrupção para conseguir negócios na Arábia Saudita.

Os advogados do banco, que tem uma relação antiga com Donald Trump, renunciaram ao seu direito de enfrentar as acusações de conspiração, durante uma teleconferência, realizada na sexta-feira, com um juiz federal em Nova Iorque.

Pela documentação do tribunal, o Deutsche Bank corrompeu intermediários para conseguir negócios na Arábia Saudita entre 2009 e 2016.

Uma vez, em 2012, o banco pagou 1.087.538 dólares e "registou-os nos seus livros, registos e contabilidade de forma falsa".

Outros intermediários exigiram financiamentos para comprarem um iate e uma casa em França, como compensação, detalhou-se na informação judicial.

A penalização do Deutsche Bank inclui uma multa por crime de 85.186.206 dólares e um pagamento de 43.329.622 à entidade reguladora da bolsa (SEC, na sigla em Inglês), adiantaram os procuradores nova-iorquinos.

Um porta-voz do Deutsche Bank, Dan Hunter, declinou fazer qualquer comentário. Contudo, disse que o acordo com a acusação mostra que o banco está a assumir responsabilidades pelas suas ações e que a sua cooperação com as autoridades federais "reflete a transparência e determinação (do banco) de colocar esses assuntos firmemente no passado".

A resolução do processo ocorre nos últimos dias do governo de Donald Trump, que tem uma antiga relação de negócios com o banco, a qual tem estado sob escrutínio desde há anos.

O Deutsche Bank, um dos poucos bancos dispostos a emprestar a Trump depois de uma série de falências empresariais, que começaram no início dos anos 1990, foi central nas investigações dirigidas pelo procurador do Distrito de Manhattan, Cyrus R. Vance, e pela procuradora-geral de Nova Iorque, Letitia James.

Estas investigações são consideradas uma potencial ameaça legal para Trump, depois de sair da Casa Branca este mês.

Vance e James, ambos Democratas, têm intimado o banco a entregar documentação relacionados com Trump. Este tem dito que a investigação é politicamente motivada.

Nas há indicação de que o esquema de corrupção com a Arábia Saudita esteja relacionado com os negócios de Trump com o banco.

Em processos anteriores, este banco alemão, sedeado em Frankfurt, já pagou à SEC uma multa de 16 milhões de dólares no seguimento de acusações de corrupção em negócios na Federação Russa e na China.

O Deutsche também já pagou ao Estado de Nova Iorque 150 milhões de dólares no seguimento de acusações de ter violado obrigações legais em negócios que envolveram o agressor sexual Jeffrey Epstein. Este rico financeiro suicidou-se em Agosto último, em uma prisão federal em Manhattan, enquanto aguardava julgamento, acusado de tráfico sexual.

Há ainda notícias do ano passado que indicam que o Deutsche deu prendas caras a dirigentes chineses de topo e outros para se estabelecer como um dos principais operadores financeiros na China.

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