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Elevada exposição da banca portuguesa a riscos climáticos pode afetar "rating", avisa DBRS

A notação dos bancos portugueses poderá vir a ser afetada se os planos para a transição climática se intensificarem, alerta a DBRS. O setor enfrenta uma elevada quantidade de riscos e poucas ferramentas de prevenção.

Temperaturas elevadas têm criado condições para um maior número de incêndios. Trabalho dos bombeiros é cada vez mais complicado.
Paulo Novais/Lusa
15 de Outubro de 2023 às 12:00
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"Os fatores de risco relacionados com o clima podem ter um impacto negativo nos ‘ratings’ dos bancos [portugueses] ao longo do tempo, caso não sejam adequadamente mitigados". O aviso é feito pela agência de notação financeira DBRS, numa nota de análise divulgada esta semana, em que salienta que não só os riscos são elevados, como os agentes mitigadores escassos.


"Os bancos portugueses parecem ter uma exposição maior a riscos físicos [associados às alterações climáticas] do que a média europeia", refere a DBRS numa nota de "research". Sob escrutínio estiveram a Caixa Geral de Depósitos, o Banco Comercial Português, o Novo Banco, a Caixa Económica Montepio e o Santander Totta.


A análise tem por base o relatório anual sobre a exposição do setor bancário ao risco climático, elaborado pelo Banco de Portugal, que identifica a elevada presença de sociedades não financeiras – propensas a riscos físicos elevados –, no sistema bancário do país. Entre os maiores riscos físicos apontados encontram-se as elevadas temperaturas, secas e incêndios, embora a subida do nível do mar e as tempestades também apareçam na lista.


De igual modo, os clientes da banca têm, também, uma exposição elevada a riscos de transição energética. "Cerca de 32% da exposição dos bancos portugueses a dívida destinam a setores suscetíveis de serem negativamente afetados pelo processo de transição climática, tais como produtores ou consumidores de combustíveis fósseis ou setores intensivos em energia (ou seja, a indústria transformadora) ", menciona a agência.


O setor tem ainda de se preocupar em reduzir a quantidade de hipotecas para casas de baixa eficiência energética. Desde 2014 a 2022, segundo os dados da ADENE – Agência para a Energia, 45% dos certificados emitidos para habitação tinham uma classificação energética reduzida. "Estes imóveis poderão ter de enfrentar custos mais elevados para cumprir requisitos energéticos mais exigentes e uma potencial desvalorização", avisa.


No entanto, o problema não está apenas nos fatores de risco, mas também na falta de agentes, como seguradoras, que possam ajudar a mitigá-los, com o número de seguros associados à transição climática em Portugal abaixo da média europeia. 
"A recente análise do Banco de Portugal aponta para um maior impacto no setor bancário caso os planos para a transição climática se intensifiquem", remata a DBRS.

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